Uma coalizão de 24 veículos de mídia, entre eles o Estado, vai combater a disseminação de rumores e notícias falsificadas durante a campanha eleitoral 2018. O chamado projeto Comprova será lançado nesta quinta-feira, 28, no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo. Jornalistas de todos os veículos parceiros vão trabalhar de forma colaborativa na detecção e verificação de rumores, conteúdo enganoso e táticas de manipulação nas redes sociais. Não haverá checagem de declarações de candidatos. A Abraji vai coordenar a coalizão, mas sem ingerência sobre o conteúdo a ser publicado.
As redações envolvidas vão procurar produzir peças de fácil compartilhamento, como vídeos, imagens e animações, para que os desmentidos atinjam o maior número possível de pessoas, de forma a conter a proliferação de mentiras. Haverá uma checagem cruzada de todos os conteúdos: nenhum desmentido será publicado antes de ao menos três veículos diferentes entrarem em acordo sobre a falsidade da informação em questão.
Também haverá um número de WhatsApp para que o público envie ao Comprova textos, imagens, vídeos e áudios suspeitos. O Estadão Verifica, núcleo de checagem e verificação do Estado, lançou um serviço semelhante no dia 13 de junho. "A disseminação de notícias falsas na campanha pode envenenar o debate eleitoral e prejudicar a discussão do que realmente importa para o País", disse David Friedlander, editor executivo do Estado. "Combatê-las é obrigação do jornalismo profissional e o Estado está totalmente engajado nessa iniciativa."
Experiência nas eleições francesas
O projeto Comprova nasceu a partir de uma iniciativa do First Draft, entidade ligada ao Centro Shorenstein para Mídia, Política e Políticas Públicas, da Escola de Governo John F. Kennedy, na Universidade Harvard, dos Estados Unidos. O First Draft pesquisa e combate a desinformação na internet, e já organizou uma coalizão de mídia na campanha eleitoral da França, no ano passado.
"Queremos que o Comprova seja o primeiro lugar aonde alguém vá para checar a veracidade de algo mandado pelo tio via WhatsApp", disse Claire Wardle, diretora do First Draft. "Que o Comprova seja referência durante as eleições, porque aí teremos o melhor da imprensa brasileira", afirmou.
No Brasil, além do Estado, vão participar da iniciativa AFP, Band (TVs e rádios do grupo), Canal Futura, Correio, Correio do Povo, Exame, Folha de S.Paulo, GaúchaZH, Gazeta Online, Gazeta do Povo, Jornal do Commercio, Metro Brasil, Nexo Jornal, Nova Escola, NSC Comunicação, O Povo, Poder360, revista piauí, SBT, UOL e Veja. O Google News Initiative e o Facebook Journalism Project ajudam a financiar o projeto, além de oferecer treinamento e apoio técnico.
"O desafio do combate à desinformação exige uma ação coordenada", disse Daniel Bramatti, presidente da Abraji. "Nunca tantos veículos concorrentes se uniram em um projeto colaborativo como este, e a Abraji se orgulha de fazer parte desta iniciativa."