Propostas dos candidatos de SP para retomada no pós-pandemia

Postulantes à prefeitura citam abertura de escolas nos sábados e domingos, distribuição de computadores e empréstimos financeiros

4 out 2020 - 14h11
(atualizado às 15h38)

Entre os desafios do futuro prefeito de São Paulo, o mais imediato deles é o enfrentamento de um cenário ainda fortemente impactado pela pandemia da covid-19. Da abertura de escolas e postos de saúde nos fins de semana à distribuição de computadores e empréstimos financeiros, as propostas de governo dos candidatos à Prefeitura apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) projetam planos de recuperação da economia, do ensino público e do atendimento médico na capital. Algumas das propostas são ainda superficiais e esbarram em dificuldades técnicas, enquanto outras chamam a atenção pelos eventuais custos.

Os candidatos à Prefeitura de São Paulo no primeiro debate na TV
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo no primeiro debate na TV
Foto: Divulgação / Estadão Conteúdo

Líder nas pesquisas de intenção de voto, o deputado Celso Russomanno (Republicanos) apresentou um plano emergencial para a educação pós-pandemia - batizado de "Programa de Recuperação Pedagógica" -, que prevê acolhimento psicológico dos professores, semana de readaptação dos alunos, contratação de mais professores temporários e reforço no contraturno. O ex-governador Márcio França (PSB) batizou sua proposta de "Onda Emergencial", e prevê que o reforço poderá ser feito também aos fins de semana. A oferta de reforços escolas também está no plano do prefeito Bruno Covas (PSDB).

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A proposta é vista com ressalvas por profissionais da educação e representantes do setor. O vereador Claudio Fonseca (Cidadania), presidente licenciado do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), ressalta que o processo de seleção para a contratação de professores temporários leva tempo, e que haveria necessidade de convencimento dos docentes a trabalharem aos fins de semana. "As escolas têm um projeto pedagógico para concluir o ensino fundamental em nove anos. O que elas precisam é rever esse projeto para concluí-lo em oito", afirma Fonseca, cujo partido apoia o atual prefeito.

Russomanno, Covas (PSDB) e a deputada Joice Hasselmann (PSL) citam ainda a entrega de computadores ou tablets para alunos do ensino fundamental terem aulas em casa e recuperar o tempo perdido. No caso do deputado federal, a lista de propostas traz uma plataforma digital em que o aluno teria aulas e faria exercícios, que demanda tablets e chips de acesso à rede. Covas lembra em seu plano que a Prefeitura já iniciou processo para compra de 465 mil tablets para os alunos - a aquisição foi paralisada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) por 19 inconformidades no edital de licitação.

Por sua vez, Joice afirma que esses equipamentos têm custo "em torno de R$ 1 mil" e que poderiam ser comprados para "todo aluno que se enquadre nos critérios socioeconômicos" para recebê-los, sem citar quais seriam os critérios nem o total de equipamentos adquiridos.

Neste domingo, 5, durante visita a uma feira livre no Jaçanã, zona norte, Russomanno afirmou que qualquer plano para a recuperação dos alunos deve ser construído pelos docentes da rede municipal. "Quero ouvir os professores, ouvir o que estão pensando e modernizar", disse. O candidato do Republicanos afirmou, por outro lado, que toda proposta de aquisição de equipamentos como os tablets deve vir acompanhada de um plano para as aulas à distância. "Não adianta só entregar o tablet", afirmou.

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A candidata do PSL dividiu seu plano de governo em diretrizes centrais, como "digitalização", e apresenta propostas para cada área a partir dessas diretrizes. É dessa forma que os tablets aparecem e seu programa. Nesta diretriz, para a área da saúde, ela cita a telemedicina (a consulta feita à distância) como uma das ferramentas para acabar com o que chama de "período desafiador" do pós-pandemia.

A ideia de estimular o atendimento médico à distância, que requer melhor estrutura nos postos de saúde, também está no plano de Bruno Covas. A capital tem um programa do tipo em implementação na zona norte.

Planos para aumentar oferta de empregos

Os planos dos candidatos também trazem sugestões para aumentar a oferta de empregos na cidade e há citação de ações de transferência de renda, nos moldes do Bolsa Família.

O candidato Guilherme Boulos (PSOL) propõe o programa "Renda Solidária", para "garantir que nenhuma família vulnerável em São Paulo fique sem uma renda mínima". O valor do benefício não é descrito na proposta. Celso Russomanno também já declarou a intenção de criar um programa de transferência de renda, que seria chamado "auxílio paulistano", mas tal proposta não está no plano que sua equipe apresentou à Justiça Eleitoral.

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O que seu programa traz são ações para "promover o empreendedorismo no segmento das micro e pequenas empresas", entre outras, com consultorias para acesso a linhas de crédito.

Boulos e Márcio França têm em suas propostas a criação de frentes de trabalho emergenciais, com os atuais desempregados executando serviços de zeladoria urbana. Boulos cita a contratação dessas pessoas por meio de cooperativas. Já França fala em jornada de trabalho reduzida e pagamento de R$ 600, abaixo do salário mínimo.

Mas França tem uma proposta voltada ao comércio, seguimento dos mais atingidos pela pandemia, em que promete oferecer crédito de até R$ 3 mil aos lojistas. "Sem fiador, só sua assinatura", afirma o texto. O plano não diz quantos comerciantes poderiam ter o benefício. A cidade tem 532 mil estabelecimentos comerciais. Para oferecer o crédito a todos, seria necessária uma verba de R$ 1,5 bilhão.

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