PSOL se diz neutro, mas recomenda: "não votem em Aécio"

Partido que lançou Luciana Genro à Presidência liberou filiados e eleitores a manifestarem apoio individual a Dilma, mas desaconselhou voto no tucano, classificado como "retrocesso"

8 out 2014 - 15h05
(atualizado às 21h09)

O PSOL anunciou nesta quarta-feira, em São Paulo, que não apoiará nenhum dos candidatos à Presidência da República no segundo turno. Por outro lado, o partido admitiu que a postura é a de “neutralidade parcial”, uma vez que eleitores e militantes foram orientados a não votar no candidato Aécio Neves (PSDB). O voto em Dilma Rousseff (PT) foi liberado em manifestações individuais da militância, assim como o voto em branco ou o voto nulo.

O anúncio foi feito em um hotel no centro da cidade pela candidata do partido no primeiro turno, Luciana Genro, acompanhada do presidente nacional do PSOL e coordenador geral de sua campanha, Luiz Araújo, e vice na chapa, João Paz. Luciana obteve pouco mais de 1,6 milhão de votos no primeiro turno e foi a quarta colocada, atrás de Dilma, Aécio e Marina Silva (PSB).

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Araújo leu nota na qual o partido recomendou que os eleitores do PSOL não votassem em Aécio por entender que tanto o tucano quanto o PSDB e seus aliados “são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina”. “O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas e nas privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro retrocesso. A criminalização das mobilizações populares e dos pobres empreendida pelos governos tucanos, em especial o de Alckmin, nos coloca em oposição frontal ao projeto do PSDB e aliados de direita", diz trecho do documento.

De acordo com Araújo, a decisão reflete não apenas a falta de representação sentida pela sigla no segundo turno, como, no caso de não declarar apoio a Dilma, também o fato de a presidente estar “distante do desejo de mudanças que tomou as ruas nas manifestações do ano passado”. “Se Dilma vencer, o PSOL seguirá a posição de esquerda”.

Em entrevista ao Terra, Luciana Genro diz que luta continua
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Para Luciana, “Aécio simboliza um retrocesso”, e Dilma, “um continuísmo conservador que acaba por levar ao retrocesso”. “É na sombra de uma esquerda que não tem mais coragem de defender as bandeiras que defendeu que a direita cresce. E partimos da definição categórica de que, no PSOL, os filiados e dirigentes em hipótese alguma darão voto ou algum tipo de apoio a Aécio. Nós não temos nada, absolutamente nada em comum com Aécio, que representa esse retrocesso ao neoliberalismo puro e a privataria tucana”, disse.

A candidata preferiu não revelar o próprio voto “em respeito a essa posição tomada pelo partido, construída com muito cuidado e delicadeza para garantir a unidade partidária até o final”.

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Os representantes do partido ainda negaram a possibilidade de a sigla integrar um eventual segundo governo de Dilma, ou mesmo de negociar a adesão de bandeiras suas – entre as quais, ampliação e garantia de direitos da população LGBT, auditoria da dívida pública, taxação de grandes fortunas e criminalização da homofobia – à campanha da petista.

“O PSOL será oposição a qualquer governo, seja do Aécio, seja da Dilma”, sintetizou Luciana. “Não estamos aconselhando voto nenhum, apenas desaconselhando o voto em Aécio. A partir disso, deixamos o eleitor e o militante livres para o que quiserem fazer”.

"Eu não espero nada desse segundo turno", diz Luciana Genro
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No Rio Grande do Sul, Estado natal de Luciana e onde ela tem domicílio eleitoral, o atual governador, Tarso Genro (PT), pai da candidata, passou em segundo lugar à nova etapa de campanha diante de José Ivo Sartori, do PMDB. Indagada se apoiaria o petista abertamente, a ex-presidenciável preferiu aguardar reunião marcada para esta quinta-feira com o PSOL gaúcho.

Partido quer Freixo na disputa de 2016

O partido aumentou sua bancada na Câmara Federal, para o próximo mandato, ao passar de três para cinco cadeiras. Em Assembleias, avançou de seis para 12 vagas em todo o Brasil – entre as quais, a do deputado estadual Marcelo Freixo, que arregimentou o maior número de votos entre os eleitores fluminenses: 350 mil.

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Freixo, que declarou apoio à reeleição de Dilma neste segundo turno, é a aposta do PSOL para a prefeitura do Rio em 2016, segundo o presidente nacional do partido. “A opção de sair para deputado estadual, e não federal, foi dele mesmo, que queria ficar mais próximo do Rio, tendo em vista a disputa de 2016”, afirmou Araújo.

<p>Da esquerda para a direita, o presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, Luciana Genro e seu vice, Jorge Paz, durante anuncio de neutralidade</p>
Da esquerda para a direita, o presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, Luciana Genro e seu vice, Jorge Paz, durante anuncio de neutralidade
Foto: Janaina Garcia / Terra

Fonte: Terra
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