O governador João Doria (PSDB) é o alvo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na estreia do programa de TV de Jilmar Tatto, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. O horário eleitoral gratuito começa nesta sexta-feira, 9. Lula gravou quatro participações para o programa de Tatto. Em uma delas faz uma provocação a Doria e ao PSDB. O ex-presidente será o destaque do programa do candidato petista.
"São Paulo precisa de um prefeito que trabalhe pelo povo do primeiro ao último dia de mandato", diz o ex-presidente. É uma alusão discreta ao fato de que Doria deixou a prefeitura depois de apenas 15 meses de mandato para disputar o governo do Estado. No lugar dele assumiu o vice, Bruno Covas (PSDB), que disputa a reeleição.
A crítica a Doria faz parte da estratégia do PT de vincular o governador - eleito em 2018 com a estratégia do "Bolsodoria" - ao presidente Jair Bolsonaro. Na campanha, o PT vai dizer que tanto Doria quanto o presidente, hoje adversários, fazem parte do mesmo projeto político de desmonte do estado e retirada de direitos dos trabalhadores.
O PT espera usar os programas iniciais do horário eleitoral para mostrar que o ex-secretário é o candidato do PT na cidade e, assim, alcançar o patamar mínimo de votos do partido na Capital, em torno dos 15%. Hoje Tatto tem apenas 1% das intenções de voto, segundo o Ibope.
Além disso, o PT pretende usar o capital político de Lula. Pesquisas mostram que apesar de ainda ter rejeição alta, o ex-presidente tem maior capacidade de influenciar o eleitor do que outros "padrinhos" como Bolsonaro e Doria.
O ex-prefeito Fernando Haddad também deve aparecer no horário eleitoral de Tatto. A ideia é usar Haddad para reivindicar o legado das administrações petistas na cidade e reforçar a estratégia de que o governo Doria/Covas retirou direitos criados por prefeitos petistas. Como exemplos o PT vai usar a redução do tempo para baldeações do Bilhete Único de quatro para duas horas e do programa Leve Leite.
Além disso, Lula deve usar o horário na TV para falar de temas nacionais e se opor a Bolsonaro, sempre usando a cidade como vetor do discurso.