O PT joga com o tempo e avalia uma ofensiva jurídica simultânea no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal para tentar afastar a inelegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - preso e condenado na Lava Jato - durante a tramitação do pedido formal de candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Às vésperas da oficialização do registro da candidatura do ex-presidente ao Planalto nas eleições 2018, o objetivo principal é garantir a presença do petista no horário eleitoral gratuito, previsto para começar dia 31 de agosto em rede nacional de rádio e TV.
Segundo apurou o "Estado", em vez de apostar as fichas apenas na arena eleitoral, o PT cogita uma estratégia na qual o foco da discussão está na suspensão da inelegibilidade no STJ e no STF. No início do mês, o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, que integra a defesa de Lula, disse a jornalistas que a inelegibilidade do petista "é provisória". Para a defesa de Lula, a liminar poderia ser obtida até a diplomação, prevista para ocorrer até 19 de dezembro.
"A inelegibilidade do Lula é chapada, mas é provisória, e como é provisória, ela pode deixar de ser inelegibilidade, e se deixar de ser inelegibilidade, repercute no registro", disse Pereira a jornalistas no último dia 1.º, ao participar do lançamento de um livro no próprio TSE.
Divergências
A ofensiva simultânea no STJ e no STF, no entanto, encontra resistências no partido. Uma ala do PT acredita que não há motivo para antecipar os passos. Dessa forma, mesmo já dando como certo que o TSE negará o registro de Lula, não haveria motivos para "provocar o adversário a se manifestar antes" e, com isso, perder alguns dias de discussão.
Uma outra ala aposta no argumento de que Lula deveria ter o direito de disputar a eleição e tentar suspender a inelegibilidade, como outros candidatos já conseguiram em outros pleitos, o que poderia reduzir as críticas de que o ex-presidente tenta, na verdade, arrastar a conclusão do caso.
Toda a estratégia do PT está sendo montada para que a foto de Lula esteja na urna eletrônica. Ao prorrogar ao máximo o desfecho, dirigentes petistas acreditam no alto potencial de transferência de votos de Lula para o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.