GRAMADO (RS) - A Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) realizou na sexta-feira, 8, um debate sobre desenvolvimento do Estado com pré-candidatos ao governo sem convidar postulantes do campo da esquerda ao Palácio Piratini. PT, PCdoB e PSOL ficaram de fora do congresso anual da entidade, organizado em Gramado, na Serra Gaúcha.
Convidados pela Federasul, os pré-candidatos ao governo Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), Luis Carlos Heinze (PP) e Mateus Bandeira (Novo) defenderam saídas de viés liberal para solucionar a crise financeira do Rio Grande do Sul. O governador José Ivo Sartori (MDB) abriria o congresso, mas não pôde comparecer por incompatibilidade de agenda, segundo sua assessoria.
A presidente da entidade, Simone Leite, afirmou que o objetivo do painel era apresentar "ideias liberais e de Estado menor", e que essas propostas não são defendidas pelos pré-candidatos que não foram convidados. "Não é censura, como falaram. Acreditamos que temos de focar nossa energia nessa pautas com os (pré-) candidatos que estão afinados com o viés de desenvolvimento econômico", disse ao Estado. Ela afirmou ainda que um debate eleitoral será promovido no dia 22 de agosto e que todos os postulantes ao governo foram convidados.
Em nota, o deputado federal Pepe Vargas, presidente do PT-RS, afirmou que a Federasul se transformou em "instrumento de intolerância" ao não chamar os pré-candidatos ao governo Miguel Rossetto (PT), Abigail Pereira (PCdoB) e Roberto Robaina (PSOL). Vargas também falou em "censura ideológica" da instituição. "A postura rompe com uma tradição de civilidade e debate democrático e plural no Estado", declarou o deputado.
Em seu discurso no evento, Jairo Jorge criticou a decisão da Federasul em não convidar todos os postulantes. "Nós precisamos gerar convergência. Entendo que deveriam estar aqui os outros (pré-) candidatos para expressar suas ideias", declarou. Sobre alternativas para o desenvolvimento, Jorge afirmou que não é hora para soluções "conservadoras" e prometeu que, caso eleito, diminuirá a máquina do Estado para dez "estruturas administrativas" no lugar das atuais secretarias, e que reduzirá a carga tributária.
O tucano Eduardo Leite falou em redução da burocracia do Estado e em investimentos na educação e em infraestrutura. "Não há outro caminho que não seja a parceria com a iniciativa privada". Leite argumentou que o Rio Grande do Sul deve promover reformas "que mexam com interesses" e também defendeu a redução da carga tributária. "Necessitamos desse enxugamento."
Outro que defendeu a redução da carga tributária foi Luis Carlos Heinze (PP), que também fala em reduzir o tamanho da máquina governamental. Segundo o pré-candidato, "o Estado precisa fazer parcerias com os empresários para trazer mais desenvolvimento". Heinze afirmou que não aumentará impostos e que buscará o governo federal, em conjunto com outros Estados devedores, para resolver a situação da dívida com a União, que no Rio Grande do Sul está na casa dos R$ 76 bilhões.
Mateus Bandeira (Novo) disse que a crise econômica é decorrente de um modelo de Estado "agigantado e falido". "O Rio Grande do Sul está caminhando para o mesmo estágio que o Rio de Janeiro está hoje", afirmou. Para o pré-candidato, é necessária a privatização das estatais e a liberdade para o empreendedor para promover desenvolvimento.