Investigado no inquérito das rachadinhas, o policial militar da reserva Fabrício Queiroz quer tentar uma vaga na Câmara dos Deputados nas próximas eleições. Embora ainda não saiba por qual partido concorrerá, ele sonha ser apoiado pela família do presidente Jair Bolsonaro. "Se eu tiver o apoio deles, com certeza serei o deputado mais votado do Rio de Janeiro", afirmou, em entrevista ao Estadão. Queiroz observou, porém, que ainda não conversou com nenhum dos integrantes do clã Bolsonaro sobre a postulação. A avaliação entre aliados de Jair Bolsonaro é que a candidatura poderia gerar desgaste para a campanha à reeleição do presidente.
Queiroz confirmou que teve uma reunião com a presidente nacional do PTB, Graciela Nienov. Também disse que pretende marcar um encontro com o dirigente do partido no Rio, o deputado estadual Marcus Vinícius Neskau. O parlamentar é investigado na Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio. Segundo Queiroz, a conversa com Graciela foi "informal". O ex-assessor de Flávio Bolsonaro, no entanto, ressaltou que está disposto a conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados e se tornar colega parlamentar do atual senador. "Minha pretensão é, sim, ser (candidato) a deputado federal", disse.
Embora o PTB seja o partido da preferência do PM da reserva, ele não descarta uma possível filiação a outro partido, desde que seja "conservador", segundo disse. Queiroz afirma ainda que conta com o apoio de várias páginas de direita (na internet). Fabrício Queiroz chegou a ser acusado de, no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa (Alerj), operar um esquema de rachadinha. Consistiria no repasse para ele da maior parte dos salários dos funcionários que ocupavam cargos de confiança no gabinete. Segundo as investigações do Ministério Público do Rio, reveladas pelo Estadão, o então assessor entregaria esses valores ao então deputado. Ambos negam a acusação e reclamam de supostas irregularidades no processo, que praticamente parou na Justiça.
Queiroz chegou a ser preso preventivamente em junho de 2020, em Atibaia. Mas passou pouco menos de um mês na cadeia. O Superior Tribunal de Justiça lhe concedeu o direito à prisão domiciliar. Poucos meses depois, a mesma corte lhe garantiu a liberdade. Em novembro, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que a investigação só poderá andar com uma nova denúncia.
O senhor é candidato a deputado federal?
Tenho a pretensão, sim, de ser (candidato) a deputado federal, mas não defini o partido ainda.
O senhor já conversou com alguém a respeito?
Tive uma conversa com a dirigente do PTB. A conversa foi boa, mas em momento nenhum discutimos a minha candidatura ou mesmo a minha filiação. Foi uma conversa informal, descontraída.
Mas o senhor quer se filiar ao PTB? Ou tem outro partido em vista?
A minha tendência é ir para o PTB, mas não conversei ainda com o presidente (do partido) aqui no Rio, o Neskau. Mas estou vendo um partido aí que seja conservador e minha pretensão é, sim, vir (como candidato) a deputado federal.
O senhor tem apoio da família do presidente Jair Bolsonaro?
Não estou pedindo apoio de ninguém, minha candidatura é independente. Quem me apoia são os conservadores, várias páginas de direita que, no privado, conversam comigo, falam que eu devo vir (candidato). Então estou acreditando nisso aí e venho independente.
Mas e se tiver apoio dos Bolsonaro?
Se eu tiver o apoio deles, com certeza serei o deputado mais votado do Rio.