Com o fim do segundo turno das eleições municipais neste domingo, 27, fica a dúvida: quem ganhou e perdeu com os resultados do pleito? Para o diretor e fundador do Instituto de Pesquisa Locomotiva, Renato Meirelles, quem realmente foi o vencedor neste ano foram os partidos de centro, que conversam bem com os outros dois lados.
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A análise foi feita durante a transmissão ao vivo do Terra, na noite deste domingo. O especialista afirma que, do ponto de vista ideológico, tanto a direita quanto a esquerda perderam.
“Nós tivemos uma dificuldade das candidaturas de esquerda em eleger um número grande de prefeitos, tanto no primeiro quanto no segundo turno, e nós tivemos aquela direita mais bolsonarista, radical, perdendo muito nos lugares onde concorreram a essa eleição”, aponta.
Ele usa como exemplo que o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, perdeu em Fortaleza (CE), Manaus (AM), Belém (PA), Palmas (TO), Belo Horizonte (MG) e João Pessoa (PR).
Meirelles também afirma que o apoio de governadores teve mais relevância do que do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou do ex-mandatário.
“Não foram poucas as cidades que os candidatos apoiados por Bolsonaro perderam. Dito isso, quem ganha? Ganha os candidatos que tiveram incumbentes ou apoiados por incumbentes pelos prefeitos atuais. A gente tem o maior índice de reeleição do século 21 e isso na prática mostra que, em uma eleição municipal, o poder dos governadores interessa mais do que o do presidente ou ex-presidente da República”, explica.
Ele pontua ainda que os resultados mostram que os candidatos à prefeitura que decidiram falar sobre o que fizeram nas suas cidades, em vez de ter um discurso mais ideológico, ganharam as eleições.
Meirelles também destaca que, embora o Centrão tenha levado a melhor no pleito, não quer dizer que uma parcela dos políticos ou eleitores não seja polarizada. Ele usa como exemplo o PSD, partido que mais elegeu prefeitos neste ano.
“Acho que tem uma questão que precisa ficar muito clara nesse processo, que quem ganhou a eleição foi o Centrão. [...] O PSD, que faz parte da base do governador [de São Paulo] Tarcísio de Freitas, de um lado, e da base do presidente Lula do outro. O MDB é uma federação de partidos regionais. Então, o MDB do Pará, que teve vitórias expressivas na eleição, é da base do governo Lula. O MDB do Rio Grande do Sul é oposição ao governo Lula”, afirma.
No entanto, ele pondera: “Na prática, quem ganhou a eleição nós vamos saber no ano que vem, de acordo com as coligações partidárias, os caciques desses grandes partidos, em especial o PSD e o MDB, se vão para um lado ou para o outro no processo eleitoral”, finaliza.