A esposa de Ricardo Nunes (MDB), Regina Carnovale Nunes, ficou nervosa após a deputada federal Tabata Amaral (PSB) resgatar o caso do B.O. por violência doméstica contra o prefeito durante o debate eleitoral pela Prefeitura de São Paulo, na noite desta quinta-feira, 8.
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No terceiro bloco do debate da Band, a candidata do PSB perguntou sobre o boletim de ocorrência que Regina registrou contra Nunes em 2011. Ela citou a contradição de Nunes que, durante sabatina ao UOL, em julho, disse que a denúncia foi forjada, mas, na sequência, foi desmentido pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. A candidata pediu para que a situação fosse esclarecida.
No momento, direto da plateia, Regina gritou: "Deixa minha família em paz". O Terra presenciou que ela até tentou se levantar, mas acabou impedida por Baleia Rossi, presidente nacional do MDB. Com a movimentação, um segurança passou a ficar mais próximo do setor em que o partido se concentrava.
Veja parte do momento, que foi acompanhado pela reportagem do Terra:
Durante o #DebateNaBand , Regina, esposa de Nunes, fica nervosa após Tabata citar B.O. por agressão contra o prefeito
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— Estadão 🗞️ (@Estadao) August 9, 2024
Em resposta à Tabata, Nunes frisou nunca ter "levantado um dedo" contra a mulher. "Eu realmente tive com a minha esposa, há 14 anos atrás, um período de uns quatro ou cinco meses que a gente realmente se separou, tivemos um desentendimento, mas nada de agressão, nunca levantei um dedo e ela já falou isso", complementou.
Em entrevista ao Terra, após o encerramento do debate, Regina afirmou ter ficado muito nervosa e disparou: "Porque mulher falando de mulher… Se fosse homem, não teria problema. Mas mulher querendo prejudicar mulher.”.
Após o encerramento da sabatina, Tabata disse ao Terra que se solidariza com a mulher, mas ainda questiona o político sobre a forma como lidou com o assunto. “Eu me solidarizo profundamente com ela. Eu tenho amigas que já viveram isso. Quando você toma coragem, faz uma denúncia e segue no relacionamento, ainda mais com um homem poderoso, é muito comum que haja uma pressão gigantesca para que você mude a história. Nada do que eu disse aqui é sobre ela. Em relação a ela, a minha solidariedade”, disse.
“Se eu acho grave que o prefeito minta descaradamente e desacredita o trabalho da polícia, é claro que eu acho grave. Essa foi a primeira oportunidade que a gente teve de confrontá-lo sobre isso. Porque a Polícia Civil, o governo do Estado, lembrando que ele é próximo do governador Tarcísio, disseram que ele estava mentindo. Prefeito que desautoriza o trabalho da polícia não consegue trabalhar com a polícia. E ainda segue sem deixar claro por que mentiu. O BO não foi forjado”, complementou a candidata.
As eleições municipais de 2024 acontecem no dia 6 de outubro, o primeiro domingo do mês. Já o segundo turno, se for o caso, deve acontecer no último domingo de outubro, no dia 27. No debate desta semana, participaram os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL).
Relembre o caso
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MBD), participou de uma sabatina, realizada pela Folha e UOL, e, na ocasião, afirmou que o boletim de ocorrência por violência doméstica, registrado em 2011 por sua esposa, Regina Carnovale Nunes, tinha sido forjado, mas foi desmentido pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
A reportagem do Terra checou a informação com a SSP, que informou que Regina Carnovale Nunes foi até uma Delegacia da Mulher em fevereiro de 2011 para denunciar o marido por ameaça.
"A Polícia Civil destaca que os boletins de ocorrência registrados, seja via internet ou em delegacias físicas, são submetidos a diversos procedimentos que garantam sua legitimidade. O caso em questão foi registrado pela 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em fevereiro de 2011", disse o órgão estadual em nota. A versão é diferente da que foi exposta pelo prefeito, que é candidato à reeleição.
O Boletim de Ocorrência registrado por Regina, que é casada com Nunes até hoje, acusa o prefeito de violência doméstica, ameaça e injúria. "Na ocasião, a vítima compareceu na unidade especializada para comunicar os fatos e a ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Embu Guaçu, responsável pela área dos fatos. Contudo, havia necessidade de representação contra o autor, o que a vítima não fez", continua a nota.
O registro policial já havia sido tema de discussão na campanha eleitoral de 2020, quando Nunes se candidatou a vice-prefeito de Bruno Covas (PSDB). Um dos argumentos do prefeito é que o B.O. não possui assinatura de Regina. A Polícia Civil afirma que os boletins são submetidos a diversos procedimentos para garantir a legitimidade.
Regina também não representou contra o autor, ou seja, não deu andamento com a instauração de um inquérito contra Nunes. A representação pode ser feita pela vítima ou por um advogado, e transforma a situação em uma ação penal. Na época, o passo era necessário para que o caso tivesse andamento. Hoje, a primeira-dama de São Paulo nega que tenha registrado o boletim, e diz que as informações não são reais.
Segundo a Folha de S. Paulo, Nunes também registrou um boletim de ocorrência em 2011 contra Regina, alegando ter sido vítima de lesão corporal. Na ocasião, "em conversa referente à pensão, veio a autora [Regina] por agredir a vítima [Ricardo Nunes]", diz o documento.
Nunes negou a veracidade do documento durante a sabatina. "É uma irresponsabilidade [a sabatina] trazer uma coisa dessa. A Regina já falou que ela não fez [o boletim de ocorrência]. Ela contratou um advogado, eu até separei o material para te entregar. O advogado entrou com a petição dizendo que queria, então, esse boletim de ocorrência assinado. Veio a resposta da delegacia que não existe esse boletim de ocorrência [assinado]".
Ao final da sabatina, Nunes apresentou um documento em que a Polícia Civil afirma que a via original não foi localizada. No entanto, confirma que, em livro de registro de ocorrências, foi encontrada a escrituração do boletim e "registrada sua entrada na data de 04.03.2011, tendo a autoridade policial à época dos fatos proferido o despacho: 'Intimar a vítima'".
Quando o caso veio à tona, o Terra entrou em contato com a equipe do prefeito Ricardo Nunes, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.