Com duas horas de atraso, Marcelo Crivella e Anthony Garotinho entraram no auditório lotado na Casa Vila da Feira, na Tijuca, zona norte do Rio para selar o compromisso para o segundo turno, que já tinha sido anunciado na terça-feira. Desta vez o evento era para que os membros do PR, partido do candidato derrotado, pudessem trocar os adesivos de número 22 pelo 10 do senador. “Minha derrota teve um propósito divino. É difícil de aceitar, mas tenho que aceitar”, disse Garotinho, que á pastor.
Mas em meio a discursos de políticos contra o PMDB, contra o candidato adversário Luiz Fernando Pezão e contra Sérgio Cabral, um motorista de ônibus de 47 anos circulava entre as quase 3 mil pessoas e faturava. Ronaldo Faria, conhecido como Tijuquinha, aproveitou o comício para fazer o que sabe: vender doces. “Faço isso nas folgas há 20 anos e como sou eleitor do senador Crivella, largo tudo para acompanhá-lo”, afirmou.
Tijuquinha já foi a mais de 20 agendas de Crivella nesta campanha. “Saí do trabalho só para acompanha-lo”, disse, afirmando que vale a pena. “Faço de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil por semana vendendo doces. Vale a pena, né?”, pergunta enquanto vende um pacote com três trufas a R$ 10. “Vendo o brigadeiro a R$ 1,50 e faço quatro por R$ 5”, negocia. E enquanto negocia pede votos. “Já disse a um amigo que Pezão era bom, mas que Crivella era melhor. E ele se convenceu”, falou.
Apesar de o evento ter sido feito à medida para Garotinho (os elogios dos políticos foram todos dirigidos ao ex-governador), Crivella teve tempo para falar. Disse que conhece bem a rejeição enfrentada por Garotinho, mas elogiou o ex-adversário. “Isso é superável. Um líder como você nunca é derrotado”, disse, ufanista. Crivella e Garotinho atacaram o PMDB a quem chamaram de quadrilha e prometeram caminhar juntos no que resta de campanha. “Temos que superar mágoas e ressentimentos e olhar para o povo”, disse o candidato antes de sair do local cercado por mais de 10 seguranças e sem falar com a imprensa.
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