Cada telespectador que aguentou ficar ao vivo além da meia noite da última terça-feira viu um debate interessante entre Luiz Fernando Pezão (PMDB), Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB), Tarcício Motta (Psol) e Lindberg Farias (PT). Foi o primeiro entre os candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro, e foi promovido pela TV Bandeirantes, num teatro nobre da zona sul da capital fluminense.
As conclusões sobre o desempenho de cada candidato são particulares. Enquanto a interatividade na parceria com o Twitter e a novidade de perguntas via vídeos enviados pelo Whats App davam ares modernos pela TV, nos bastidores o que reinou foi a velha política: clima de rivalidade entre militâncias, xingamentos etc.
O Terra acompanhou "in loco" o debate da Band e lista para vocês dez fatos que você não conseguiu presenciar do sofá da sala.
A beleza de nada ajudou
“Ela é bonitona, né”, perguntou um militante para outro, da ala petista de Lindberg. “Mas a gente tem que vaiar”, respondeu o outro, em frente ao teatro, para começar a entoar: “ão, ão, ão, família de ladrão”. O time pró Garotinho devolveu com gritos de “Clarissa”, enquanto a deputada estadual e candidata ao Congresso apressava-se rumo ao tapete vermelho de acesso.
Caixas de som x jornalistas
Fato mais do que de praxe os jingles cantados em volume máximo, com as bandeiras militantes, na porta de qualquer debate. O problema é que no debate de ontem entre os governadores, como todos se aglomeravam num espaço pequeno de calçada, com seguranças promovendo cordões, ficou impossível gravar as entrevistas com candidatos por ali. Foi o que aconteceu com Garotinho, Pezão e Lindberg , os últimos a chegarem. A bagunça era tamanha, enlouquecida com o som grave das caixas, que ficou difícil até fazer uma pergunta audível.
Privilégio dos primeiros
Em contrapartida, como chegaram antes da movimentação do sistema de som, Marcelo Crivella (PRB) e Tarcísio Motta (Psol) falaram calmamente com os repórteres, sem gritaria. Conseguiram emplacar aspas nos veículos enquanto a guerra da militância Garotinho x Lindberg impediu isso aos demais.
Ops!
Quando a van trazendo Lindberg encostou em frente ao teatro de elite da zona sul do Rio, o senador desceu e foi praticamente esmagado. Muitas câmeras desconcentraram o senador, que tomou o caminho errado, por uma porta que não estava sequer aberta. Teve que dar a volta, e depois de muito empurra-empurra e pisões no pé ao Deus dará, enfim, o petista foi para o seu camarim.
Pezão sem defesa
Tudo bem que algumas bandeiras do PMDB, com o rosto do governador e candidato à reeleição, foram vistas nas proximidades do local do debate. Mas a verdade é que o claque, militância, o que seja, dos peemedebistas foi engolida pelos membros dos times de Garotinho e Lindberg. Tanto que quando chegou foi chamado de “Pezão ladrão” por todos, no único momento de união entre os rivais da calçada.
Fogo imediato
Quando o mediador do debate sorteou Anthony Garotinho (PR) para fazer a primeira pergunta, o pontapé inicial, o suspiro coletivo da plateia foi de ironia, sabendo que a roda de discussão começaria com tudo. Quando a escolha foi direta para o governador Pezão, o ruído coletivo foi de “xiiii”.
Pezão começa bem, mas...
Ao ser acusado de as verbas federais enviadas para a tragédia da região serrana, em 2011, terem sido desviadas e todo o processo alvo de ações por órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), o atual governador devolveu bem com ironia, ao mandar um “logo quem” quer falar de sofrer processos na Justiça. “Você é o campeão”, completou ainda sobre o deputado federal que, sim, respondeu e ainda responde processos. Mesmo com a estocada inicial, no entanto, o que se percebeu foi um Pezão desajeitado. Em seu primeiro debate, o púlpito do seu discurso parecia incômodo. Não teve a empatia necessária para sair do terceiro lugar nas pesquisas.
Sem direito de resposta
O fato é que o transporte público foi massacrado por todos os demais quatro candidatos que disputam com Pezão estas eleições. A questão da mobilidade foi colocada em cheque, os gastos com o metrô até a Barra da Tjuca, e o atual governador não soube desenvolver muito bem suas respostas neste sentido, além de dizer que sempre o governo dele com Cabral fez o que os outros não fizeram. Da plateia, Júlio Lopes, o dono da pasta ao longo de mais de sete anos, que sempre pede licença para disputar cargos e depois volta, via as críticas de todos os lados sem poder falar nada em sua própria defesa.
Freixo, o assessor
Figura mais do que conhecida do cenário político carioca, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), que busca a reeleição para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro enquanto não chegam as próximas eleições municipais, viveu o seu grande dia de assessor. Esteve sempre ao lado de Tarcísio Motta, orientando nas sonoras para as TVs na entrada do teatro, e mesmo no intervalo entre os blocos do debate. Só faltou ajeitar o rabo de cavalo do rechonchudo candidato ao governo.
Correria do intervalo
Fora de seus estúdios, a TV Bandeirantes teve que impor algumas regras para a plateia que acompanhou "in loco"o debate. A cada intervalo, quatro minutos para uma eventual ida ao banheiro, ou pegar uma água e refrigerante com salgadinhos, fartos no hall de entrada. Quando faltavam 30 segundos, no último alarme, foi cena mais do que comum gente devorando com pressa os mini-sanduíches com o refrigerante, para não ficar fechado do lado de fora.