Candidatos praticamente ignoram Norte e Noroeste do RJ

Dos 92 municípios do Estado, 35 não vão ver de perto seu futuro governador. Os candidatos passaram longe de quase metade do Estado

28 set 2014 - 11h54
(atualizado às 15h03)
Rosinha fez campanha para o marido no Norte e Noroeste do Estado levando a máscara do candidato
Rosinha fez campanha para o marido no Norte e Noroeste do Estado levando a máscara do candidato
Foto: Campanha de Anthony Garotinho / Divulgação

Quase 40% do total de municípios do Estado do Rio não recebeu sequer uma passadinha dos quatro principais candidatos ao Governo em 2014. A campanha já está na última semana e é pouco provável que os candidatos escapem de fazer suas últimas investidas, em busca de votos, em cidades onde o colégio eleitoral é mais expressivo, como a capital, São Gonçalo e Duque de Caxias, além de outros municípios na Baixada Fluminense.

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Das dez cidades com menor número de eleitores, apenas Macuco, que de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tem 6.560 eleitores ganhou a presença, por poucos minutos, o candidato do PR, Anthony Garotinho. As outras, nem isso. Das 92 cidades do Rio de Janeiro, 35 vão ficar ser ver de perto seu futuro governador.

O Noroeste ficou praticamente esquecido durante a campanha. Garotinho visitou 3 cidades por lá e Luiz Fernando Pezão, do PMDB, foi apenas a Itaperuna. Marcelo Crivella, do PRB, passou pela região apenas ontem e Lindberg Farias, do PT, nem passou perto. Para o professor Roberto Moraes, ex-diretor do Insituto Federal Fluminense (ex-Cefet), em Campos, engenheiro e que mantém um blog sobre os problemas da região Norte e Noroeste do Estado, não há muita novidade nesse fato. “Temos uma economia cada vez mais arrastada pela cadeia do petróleo, que por sua natureza é centralizadora, faz com que o poder político e econômico fique ainda mais ancorado na capital”, afirma.

Com a economia baseada na atividade agrícola, a região Noroeste “Neste processo, os municípios de interior, e aqui falo das regiões mais afastadas do litoral, é que estão mais isoladas, tanto economicamente, quanto politicamente. Se observarmos as agendas dos candidatos, a atenção para as regiões Noroeste e Serrana são ainda menores que as demais”, diz Moraes.

Pezão foi duas vezes ao feudo de Garotinho, a cidade de Campos, no Norte do Estado
Foto: Campanha de Luiz Fernando Pezão / Divulgação

A região Norte, com sua produção de petróleo e a exploração do petróleo do pré-sal, devem ganhar importância. Garotinho domina politicamente parte da região e onde sua mulher, a ex-governadora Rosinha Garotinho, é a atual prefeita de Campos (sétimo maior colégio eleitoral do estado). Garotinho apenas fez apenas duas agendas na cidade que é seu berço eleitoral, as mesmas que Pezão. Crivella e Lindberg passaram por Campos uma vez também. Mas se Garotinho, que é de lá, passou pouco pela região, sua mulher foi bastante. Rosinha comanda carreatas em cidades da região levando uma máscara do marido a bordo (de acordo com o candidato, Rosinha só faz campanha para nos fins de semana).

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Para Roberto Moraes o pré-sal poderia ser a chance de integrar mais o estado. “Vivemos atualmente um processo de ampliação da metrópole só que na faixa litorânea, processo explicado pela dinâmica do petróleo e das receitas dos royalties. Diante do pré-sal, o estado do Rio de Janeiro, tem uma oportunidade única de ser prensado de forma mais integrada e menos separadas pelas regiões. E o governo estadual teria que atuar como articulador de políticas supramunicipais e inter-regionais”, pede.

Explicações

No total, Garotinho foi quem compareceu a mais municípios: 50 no total, contra 29 de Pezão, 24 de Lindberg e 21 de Crivella. Através de suas assessorias, os candidatos justificaram. Garotinho admitiu que será impossível ir a todas as cidades. “A agenda ainda não está fechada, mas por falta de tempo não será possível ir a todos os municípios”. Pezão, que quando assumiu o governo tinha prometido “andar por cada cantinho do Estado”, também se explicou: “Pezão conhece todo o estado e as características e demandas de cada região. Ele mantém contato com prefeitos e ex-prefeitos”. Crivella centralizou sua campanha na Baixada Fluminense, onde pode garantir mais votos: “Por contar com pouco tempo de TV, o candidato opta por agendas de rua em estações de trem e metrô; calçadões; e locais com grande fluxo de pessoas”. Já Lindberg lembrou das Caravanas da Cidadania: “Fizemos um diagnóstico do Rio de Janeiro. Durante as Caravanas, Lindberg conversou com os moradores, com representantes de movimentos sociais e recebeu sugestões da população. Nestes eventos, ele percorreu mais de 30 cidades”, diz a assessoria.

Agora a lista das cidades não visitadas: Aperibé, Areal, Armação dos Búzios, Bom Jesus do Itabapoana, Cachoeiras de Macacu, Cambuci, Cardoso Moreira, Carmo, Casimiro de Abreu, Comendador Levy Gasparian, Conceição de Macabu, Engenheiro Paulo de Frontin, Italva, Itaocara, Itatiaia, Laje do Muriaé, Miguel Pereira, Natividade, Paraty, Porciúncula, Porto Real, Quatis, Quissamã, Rio Bonito, Rio Claro, Rio das Flores, Santa Maria Madalena, São José de Ubá, São José do Vale do Rio Preto, São Sebastião do Alto, Sapucaia, Silva Jardim, Sumidouro, Trajano de Moraes e Varre-Sai.

Fonte: Terra
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