Debate do Rio teve excesso de energético e sorriso infeliz

1 out 2014 - 07h05
(atualizado às 07h06)

A culpa foi do energético. Ao menos foi essa a justificativa apresentada pelo senador Marcelo Crivella, do PRB, para a mudança de 180 graus na sua postura perante as câmeras durante todo o debate entre os candidatos ao governo do Rio nesta terça-feira na TV Globo. Até na hora de responder o motivo de ter se apresentado com declarações irônicas e como franco atirador, o concorrente elegeu a irreverência: “É que eu tinha tomado Red Bull”, tascou, em entrevista aos jornalistas após o encerramento do confronto. 

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Muito diferente da postura contida e discreta de sempre, Crivella alfinetou o governador e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão, durante a coletiva. E lhe atribuiu uma nova alcunha: “Cabrão” – híbrido de Cabral, em referência ao ex-governador Sérgio Cabral, e Pezão. Os jornalistas, que tiveram que assistir ao debate de uma sala de imprensa montada no Projac, sem qualquer acesso ao estúdio, não paravam de se impressionar com a performance de Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, que passou longe do tom que lhe é mais peculiar: a de quem fala como se estivesse apascentando o rebanho.

Se Crivella se excedeu no Red Bull, o candidato Anthony Garotinho parecia em abstinência de qualquer energético. Por estratégia ou mero abatimento mesmo, parecia outra pessoa. Durante a coletiva à imprensa, atribuiu ao formato do debate essa impressão, já que teria respondido a menos perguntas. Ou seja, teria tido menos oportunidades de fazer declarações impactantes ao longo do debate. O fato é que aquele Garotinho em frente aos jornalistas não era, nem de longe, o mesmo polêmico ex-governador do Rio de Janeiro.

Debate ocorreu na noite desta terça, nos estúdios da TV Globo no Rio
Debate ocorreu na noite desta terça, nos estúdios da TV Globo no Rio
Foto: Antônio Pinheiro/Campanha Lindberg Farias / Divulgação

Já ao governador Pezão, dono do sorriso mais controverso da noite, coube tentar justificar o motivo pelo qual tomou a atitude de rir ao ser perguntado pelo candidato do PSol, Tarcísio Motta, sobre o paradeiro do pedreiro Amarildo, que desapareceu em 2013 após uma abordagem policial na Favela da Rocinha. “Não fui o único a rir. O jeito que ele fez a pergunta foi estranho. Sei o quanto esse assunto é serio”, disse aos jornalistas em tom solene. No entanto, àquela altura, as próprias redes sociais já ecoavam, antes mesmo do fim do debate, o infeliz sorriso de Pezão.

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Saia justa

O governador ainda se viu numa saia justa ao ser confrontado pelo jovem Renê Silva, morador do Complexo do Alemão, durante a coletiva. Renê, criador do jornal Voz da Comunidade, ficou conhecido por, em novembro de 2010, ter relatado, em tempo real, pelo Twitter, a ocupação das forças de segurança na localidade. Pois nesta terça-feira, lá estava Renê no Projac para perguntar à queima-roupa a Pezão o que ele pretende fazer para resolver a violência em comunidades como o Alemão, que, naquele exato momento da entrevista, era alvo de tiroteio entre policiais e traficantes.

Ao menino Renê, Pezão respondeu meio que sem responder direito. Desta vez, não riu. Mas também não explicou o que o adolescente tanto queria saber.

Ao candidato do PT, Lindberg Farias, coube a cena de otimismo desenfreado de sempre. Quarto lugar nas pesquisas, bem abaixo de Pezão, Garotinho e Crivella, voltou a pregar que a briga pela segunda vaga no segundo turno ainda está em aberto. E foi além: disse que a candidatura Garotinho está “derretendo”. “Ele não está garantido no segundo turno”, arriscou, parecendo muito mais confiante nisso do que o maior interessado: Crivella, em terceiro na disputa, segundo as pesquisas.

Por fim, coube a Tarcísio Motta eleger o mentiroso da noite, provocado por uma jornalista: “no quesito mentira, o Garotinho ganha”, não titubeou.

Fonte: Terra
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