O candidato do PT ao governo do Rio de Janeiro, Lindberg Farias, afirmou que a gestão de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão “deu as costas” para o povo. Segundo ele, a administração do PMDB no Rio começou bem, criando as Unidades de Pronto-Atendimento Médico (UPAs), mas perdeu “o rumo” no segundo mandato.
O PMDB chegou a ser aliado do PT no Rio, mas a aliança foi quebrada quando Lindberg anunciou que sairia candidato ao governo. Lindberg participou nesta manhã de sabatina promovida pelo canal de TV SBT, pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo portal UOL no estúdio da emissora no Rio de Janeiro. “O segundo governo se afastou da pauta da vida das pessoas, deu as costas para o povo. Eles tiveram muita oportunidade. Temos 24 reservatórios de água na Baixada e só funcionam sete”, disse Lindberg, criticando a falta de investimentos para levar água tratada para todo o estado.
Para o senador, a gestão de Cabral governou para a elite, esquecendo, por exemplo, de promessas para reformar as estações de trem.
Lindberg criticou os candidatos que prometem instalar Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em todos os lugares do estado e afirmou que não pode resolver o problema da segurança da noite para o dia. “Quero manter as UPPs. Mas não é sustentável levar UPPs para tudo quanto é lugar. Não é sustentável financeiramente. Sair ampliando é uma política irresponsável. Tem que ganhar a guerra, ampliar. Eu vou equilibrar o jogo. O erro desse governo foi achar que política de segurança é só UPP e não reforçar”, afirmou.
O senador prometeu “fazer freio de arrumação nas UPPs", que segundo ele, não são a solução para todas as regiões. Disse ainda que quer ampliar o número de policiais em áreas como Baixada Fluminense e São Gonçalo. “UPP é para áreas dominadas por tráfico, de grupos armados. Em vários lugares não é UPP que resolve. É policiamento nas ruas. É preciso consolidar isso”, afirmou.
Indagado sobre ter afirmado que não deixaria o Senado para concorrer ao governo do Rio no passado, Lindberg respondeu fazendo uma série de críticas à atual gestão. “Houve um grande distanciamento do governo com a vida do povo. Quero ser o candidato que defenda a pauta da vida das pessoas. A minha candidatura hoje é indispensável para o Rio. Naquele momento eu achava que não. As pessoas não querem a volta do Garotinho”, afirmou, referindo-se ao adversário Anthony Garotinho.
Lindberg acredita que quando o horário eleitoral gratuito na TV e no rádio começar, ele vai subir nas pesquisas de intenção de voto, porque vai se tornar mais conhecido. “Estou me preparando para segundo turno contra o governador Luiz Fernando Pezão, porque ele tem a máquina”, disse o petista. Lindberg admitiu que sua campanha está tendo problemas para arrecadar recursos. “Mas quando começar a campanha na TV e eu subir nas pesquisas, vai melhorar”, afirmou.
Posicionamentos e companhias
Questionado sobre o fato de não ter citado a presidente Dilma Rousseff em seu programa de governo, apesar de ter mencionado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lindberg disse que “é próximo” da presidente. “Ela é uma referência importante. Mas tenho história pessoal com Lula. Eu viajei muito com Lula. Eu sou muito próximo da Dilma”, disse.
Para o senador, o candidato tucano à presidência da República, Aécio Neves, cometeu um erro aliando-se ao PMDB no estado, partido que chamou de traidor. . Segundo ele, no estado do Rio, o PMDB trai Dilma “de manhã, de tarde e de noite”. “Teve uma grande aliança e o Sérgio Cabral parecia o melhor amigo. O principal secretário do Cabral, secretário de Governo, Wilson Carlos, que sempre foi o braço direito de Cabral, é o coordenador logístico do Aécio no Rio”, afirmou. “Aécio cometeu um erro, se aliou ao que tem de pior na política do estado. A banda podre da política”, completou.
Questionado sobre descriminalização das drogas, ele disse que o Brasil não está pronto para fazer esse debate e prometeu fazer consultórios de rua para os usuários de entorpecentes. O senador admitiu já ter usado drogas, mas disse que foi um problema pontual, resolvido rapidamente.
O petista disse ser favorável às manifestações populares nas ruas, mas afirmou que elas têm que ser pacíficas. “Depredações acabam esvaziando, perde a força. O processo das 'Diretas Já' foi nas ruas. O quebra-quebra acaba atrapalhando as manifestações”, comentou durante a sabatina.
Para a educação, cem novas CIEPs
Prometendo retomar o projeto educacional do antropólogo Darcy Ribeiro - colocado em prática pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola - Lindberg disse que pretende investir R$ 1 bilhão para colocar para funcionar cem CIEPs (Centro Integrado de Educação Pública), entre reformas de escolas já existentes e construção de novos prédios. No entanto, para o senador, os CIEPs têm que ser modernos. “Quero fazer o CIEP do século XXI, com tecnologia, ensino profissionalizante, para tornar a escola mais atrativa”, disse durante a sabatina.
Ressaltando que 30% dos jovens do Rio de Janeiro nem estudam nem trabalham, ele disse que há políticas do governo federal que podem liberar recursos para a construção dos prédios e que não vê contradição em investir em obras físicas ao mesmo tempo em que a qualidade dos professores da rede pública e o investimento neles são questionados. “Não é contraditório (investir em prédios). A valorização do professor é fundamental. Eu fiz isso em Nova Iguaçu, quando fui prefeito. O Rio é o estado que menos investe em educação do Brasil”, afirmou.