O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que disputa a reeleição, afirmou nesta segunda-feira que considera “normal” a aproximação entre o seu adversário no segundo turno, Marcelo Crivella (PRB) e o deputado federal Anthony Garotinho (PR).
Na manhã desta terça-feira, Garotinho, de sua casa, em Campos, deve formalizar apoio ao concorrente do PRB. “Eu esperava sim (a união dos dois). Garotinho apoiou o Crivella na disputa para senador. É natural”. Pezão afirmou, no entanto, que espera que votos de “muitos membros do PR” sejam dados a sua candidatura.
As declarações foram feitas nos jardins externos do Palácio Guanabara, sede oficial do Governo, depois de uma convocação às pressas à imprensa para a entrevista coletiva, poucas horas antes do horário estabelecido. Ali, disse considerar normal também que todos os candidatos estejam procurando outros partidos e concorrentes derrotados para conversar, depois do resultado final das urnas.
Na entrevista, Pezão anunciou que teria um primeiro encontro com o vice-presidente Michel Temer, ainda na noite de segunda-feira. A reunião teria sido convocada pelo próprio Temer, segundo garantiu o governador fluminense.
Pezão tem entre seus planos para o segundo turno tentar o apoio formal de Dilma ao seu nome, já que na primeira etapa da disputa esse apoio foi dividido entre outros três candidatos. O governador não fala abertamente em exigir reciprocidade dela, mas fez insinuações nesse sentido: “Meu partido tomou uma decisão nacional de apoiar a presidenta Dilma. Eu mantenho isso. Sigo estritamente. Mas também quero ter o apoio. Quero, pelo menos, que as pessoas que quiserem me apoiar, que (eles) me deixem apoiar”.
Em meio à cristalização da dobradinha entre Crivella e Garotinho, a aliança de Pezão começou a se mexer. O próprio governador ligou para o senador do PT, Lindberg Farias, quarto colocado na disputa estadual, para pedir apoio. Mas, como esperado, ouviu deste declarações sobre as dificuldades em fechar parceria: “O Lindberg falou que tem uma tendência de apoiar (Crivella), mas fiz um apelo a ele”, admitiu Pezão.
Três agendas em um dia
Mesmo sem o senador petista, Pezão diz contar com pelo menos 10 dos 11 prefeitos do PT no Rio. A exceção seria o presidente do PT-Rio e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, fiador da candidatura de Lindberg desde o início – e contra a vontade de boa parte do partido no estado. O peemedebista ainda insistiu na tese de que “muita gente do PT”, como deputados eleitos, vai apoiar seu nome.
A agenda de Pezão foi marcada e desmarcada três vezes ao longo do dia. Primeiro estava prevista uma caminhada na Rocinha, maior favela da cidade. Mais tarde, veio o cancelamento e a nova aposta: corpo a corpo no Mercadão de Madureira, na zona norte. Nova mudança de planos, para sair, enfim, a decisão de convocar a imprensa para o Palácio Guanabara.
Ali, o discurso recorrente foi de “cautela e canja de galinha”, tudo no estilo Pezão. A despeito da rápida movimentação de Garotinho e Crivella, o governador falou seguidas vezes que é preciso “esperar 48horas” e que “ainda está muito cedo” para anúncios de apoios. “Não vou expor as pessoas, mas estou conversando com todos os partidos. Vários deputados federais já me ligaram declarando apoio. Na hora certa vamos anunciar”, ponderou.
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