A Justiça Eleitoral determinou que a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) não promova cultos em que haja pedido de votos para o candidato do PRB ao governo do Estado, Marcelo Crivella. A decisão da juíza Daniela Assumpção também proíbe as emissoras de TV Record e CNT de veicular propaganda subliminar em cultos da igreja, que, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), fazem parte da sua programação regular.
A medida é reflexo de um pedido urgente para tomada de providências feito pela candidatura do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que disputa a reeleição. Ele vinha alegando estar sendo prejudicado, pois templos da IURD teriam sido flagrados fazendo campanha para Crivella desde o primeiro turno da disputa. O concorrente é bispo licenciado da Universal. A multa diária caso haja descumprimento da determinação judicial é de R$ 500 mil. O pedido de votos em templos religiosos são proibidos pela Lei Eleitoral.
Na ação movida pelos advogados de Pezão, foram anexadas cópias de vídeos em que pastores da IURD pedem votos durante cultos transmitidos pelas emissoras. Segundo os argumentos da magistrada, os cultos aconteceram "em grandes templos e com enorme concentração de público, constatando-se que todos os fiéis responderam em coro o nome do candidato".
De acordo com o TRE-RJ, a igreja, as emissoras e o candidato “podem responder por abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e propaganda irregular em bem de uso comum, no caso, os templos religiosos”.
Desde o início do segundo turno, a ligação de Crivella com a Universal, fundada pelo bispo Edir Macedo, que é seu tio, tem vindo à tona diariamente na corrida ao Palácio Guanabara. Numa postura incisiva, o candidato Pezão chamou a igreja de Macedo de “organização” que teria um projeto de poder político.
Em debate na Rádio CBN, na terça-feira, ele chegou a dizer que Crivella é testa de ferro de Edir Macedo. O concorrente do PRB respondeu à acusação dizendo que, se eleito, o bispo não terá qualquer influência sobre seu mandato.
Nos bastidores da campanha de Pezão, o temor é que a força do voto evangélico e o apoio do deputado Anthony Garotinho (PR) – segundo colocado na disputa e que também agrega voto dos evangélicos - fortaleçam a campanha de Crivella. Soma-se a isso o apoio dado ao concorrente do PRB pelo senador petista Lindberg Farias, quarto colocado na disputa ao governo do Rio.