Sem alcançar percentual mínimo nas pesquisas de intenção de voto para o governo do Rio Grande do Sul, o candidato do PRTB, Edison Estivalete, aposta no tradicionalismo gaúcho para se eleger chefe do Executivo estadual. Tanto é que no debate realizado pela rádio Guaíba, nesta quinta-feira, em Porto Alegre, ele resolveu comparecer em cima de um cavalo, provocando as mais diversas reações e chegou a dizer em sua fala que "o povo gaúcho é melhor". Na sala onde estavam reunidos correligionários de outros candidatos, ele chegou a ser apontado como o “Tiririca” desta eleição.
“Estou acostumado a andar de cavalo desde guri. Viemos trazendo a bandeira do Rio Grande do Sul. Os políticos tradicionais, alguns ao natural, até rejeitam a pilcha (indumentária típica gaúcha)”, afirmou, dizendo ainda que a vestimenta também é uma forma de se aproximar do movimento tradicionalista gaúcho. “Decidi fazer uma função para resgatar esses valores do gaúcho e para buscar o movimento tradicionalista gaúcho, o pessoal do cavalo, da rédea.”
Durante o debate, sua postura tradicionalista provocou risos entre os outros candidatos, quando fez questão de enfatizar sua escolha de meio de transporte, comparando a velocidade em cima do animal ao tempo que a máquina pública leva para a liberação de recursos.
“A família Estivalete fez questão de vir a cavalo para isso mesmo. Os recursos do Rio Grande vêm devagar. Nós vamos chegar ao Palácio (Piratini), estarei no governo. Está na hora de nós retomarmos os valores dos gaúchos, andar de pilcha e não ter vergonha disso. Chega de ser PT ou não PT no Rio Grande... Eu não sou separatista. Nós temos que fazer a cultura do galpão. As nossas lidas campeiras”, disse, ao que o candidato do Psol, Roberto Robaina, respondeu: “e eu vim de ônibus".
Apesar da já citada fala que nega aproximação com aqueles que defendem a separação do Estado do resto do País, Estivalete, que é oficial da Brigada Militar (PM gaúcha), disse que o “povo gaúcho é melhor”, ao responder uma pergunta da senadora Ana Amélia sobre a desmilitarização da polícia.
“Os governos sempre tangenciam, e a farda não vai fazer diferença nenhuma. Assim como eu estou pilchado, a farda é a nossa pele. A Brigada Militar é a melhor polícia do País, a Polícia Civil é a melhor do País, porque o povo gaúcho é o melhor”, bradou.
Entre suas propostas ele prometeu pagar o piso dos professores do Estado com dinheiro oriundo dos royalties do Pré-Sal e defendeu dar status de secretário de Estado aos chefes das polícias, com escolha de nomes por meio de lista sêxtupla.
“É fundamental democratizarmos a segurança pública. O chefe da Polícia Civil, o comandante da Brigada devem ter status de secretário de Estado, o governador deve chamar para si a segurança pública... escolher através de lista sêxtupla os delegados de polícia, não o amigo do governador, esses são os valores que nós temos do gaúcho”, explicou.
De volta ao tema do cavalo, Estivalete diz que “desde guri” trabalha com equinos, já tendo sido até campeão brasileiro de montaria, e rejeita de forma contudente a possibilidade de ser ridicularizado por conta de sua imagem tão tradicionalista.
“Isso não vai pegar porque tenho especialização em segurança pública, sou formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Urfgs) sou oficial da Brigada, tenho filho que trabalha no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), primeiro lugar em Direito na Ufrgs, o outro está em Firenze (Florença), na Itália, cursando engenharia civil, e quem me conhece sabe que isso não vai pegar de maneira alguma”, defende-se.
Indagado se compareceria a outras agendas em cima de um cavalo, ele afirmou que isso vai depender da distância, mas “as que forem próximas, sim”.
Ao falar sobre a chegada no lombo do equino, o presidente do PRTB gaúcho, Altair Alves Pereira, chamou atenção para a emoção vivida naquele momento. "Foi uma coisa linda, um bagual tordilho (tipo de cavalo não castrado), botou as duas patas em cima da calçada e deu um relincho que estremeceu".