Debate tem saco de farinha e “corredor polonês” no RS

22 out 2014 - 15h24
(atualizado às 17h24)
<p>Militantes do PMDB mostra saco de farinha que teria sido atirado contra ela</p>
Militantes do PMDB mostra saco de farinha que teria sido atirado contra ela
Foto: Daniel Favero / Terra

Militantes do PMDB e do PT criaram um verdadeiro “corredor polonês” em frente à Rádio Guaíba, onde candidatos ao governo do Estado do Rio Grande do Sul participaram nesta quarta de um dos últimos debates antes da eleição no domingo. O clima era quase de enfrentamento com apoiadores de ambos os lados frente a frente, a menos de um metro um do outro, gritando todo o tipo de acusações e músicas irônicas ou que remetiam a algum episódio que marcou a campanha. Um saco de farinha foi atirado contra os apoiadores do peemedebista José Ivo Sartori. 

“Olha só, atiraram um saco de farinha, eu guardei e vou levar lá para eles verem, foi um rapaz de camisa vermelha que atirou e saiu correndo. Me chamaram ainda de macaca”, dizia a militante do PMDB atingida pelo farináceo. “Se alguém te chamou de macaca, me mostra quem é, tem foto? Isso é campanha, não pode ter ofensa pessoal”, respondia um militante do PT sensibilizado com a injúria que teria sido cometida contra a adversária política.

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Militantes ficaram frente a frente gritando palavras de ordem e acusações
Foto: Daniel Favero / Terra

Outro militante do PT, menos sensibilizado com a história da farinha apenas latia: “au, au, au”, para provocar ainda mais a apoiadora de Sartori. "Ele tirou todos os moradores de rua de Caxias do Sul e mandou para Santa Catarina", acusava um petista, referindo-se a gestão do peemebista como prefeito da cidade na Serra gaúcha.

Nessa briga que tomou a rua dos Andradas, em um ponto bastante movimentado da capital gaúcha, a via foi fechada pelos militantes, obrigando os motoristas a fazerem retorno pela contramão mesmo, dada a impossibilidade de continuar.

Um verdadeiro 'corredor polonês' foi criado pelos militantes antes do debate
Foto: Daniel Favero / Terra

Os ânimos estavam tão elevados que sobrou até para o vendedor de bebidas que passava com um isopor com um adesivo de Tarso Genro colado na camisa. ”Olha a cerveja, água...”, dizia o vendedor em meio à gritaria. “Tira esse adesivo, cara, tu estás te queimando”, reclamava uma apoiadora de Sartori. “Mas pouco me importa isso, eu vou votar no Tarso mesmo”, respondia o ambulante, que no final das contas perdeu o debate e teve o adesivo retirado pela militante.

Outros temas abordados pela militância do PMDB nos ataques foram as declarações de Sartori sobre o piso salarial dos professores, em entrevista ao Terra, quando o candidato do PMDB afirmou que "se quer piso vai na Tumelero". Os militantes petistas gritavam "ah, é Tumelero", enquanto os militantes do PMDB aproveitavam a rima para gritar "ah, é mensaleiro". Outras palavras de ordem também foram cantadas. 

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Militantes do PT e PMDB se enfrentam antes de debate
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No final da manhã, Tarso fez um comício com a presença de Lula no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público. Os militantes saíram dali e foram com o candidato até a Rádio Guaíba, que fica a menos de 1 km do local do comício. Em frente à rádio já estavam posicionados os militantes do PMDB, que chegaram em uma van com adesivos de Sartori e Aécio. Com a chegada dos militantes do PT, os peemedebistas foram afastados da frente do "estúdio cristal", da Rádio Guaíba, onde poderiam ver o debate ao vivo. Não houve qualquer indício de violência. No meio do "corredor polonês", um rapaz que carregava uma bandeira de Sartori e Aécio puxou um cigarro; quem acendeu para ele foi um militante do PT, com boné da CUT. Com os cigarros acesos, eles seguiram cantando palavras de ordem dos seus candidatos.

Funcionários em greve do Banrisul, o banco do Estado, também aproveitaram para fazer sua manifestação. Eles colaram cartazes do lado de fora dos vidros, solicitando que os candidatos se manifestassem sobre suas reivindicações a respeito do plano de carreira. Em determinado momento, se estranharam com os apoiadores de Sartori. Depois, discutiram com os de Tarso. Conforme o debate avançava, os manifestantes petistas também tomaram conta das janelas, vaiando Sartori quando ele se pronunciava. Um deles chegou a estampar uma peça de porcelanato com a inscrição 'Piso do Sartori para os professores'.

Com a chegada da Brigada Militar, parte dos militantes se dispersou e os ânimos se acalmaram. Ao final do debate, às 15h, os manifestantes voltaram a se concentrar em dois blocos com tamanhos quase iguais. Com soldados a pé e apoio de motocicletas e uma viatura, a BM direcionou a dispersão para sentidos diferentes da Caldas Júnior. Os candidatos saíram pela garagem do prédio, que tem frente para outra rua, a Sete de Setembro.

Fonte: Terra
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