Com 100% dos votos apurados, está definido que a disputa para o governo do Rio Grande do Sul terá segundo turno entre os candidatos José Ivo Sartori (PMDB) e Tarso Genro (PT).
Sartori aparece com 40,40% dos votos, ficando à frente de Tarso, com 32,57%. A candidata do PP, Ana Amélia Lemos, deixou a corrida pelo governo do Estado com 21,79% dos votos, em terceiro lugar. A votação para o segundo turno acontecerá no dia 26 deste mês. Confira o resultado parcial do primeiro turno:
José Ivo Sartori (PMDB) - 40,40%
Tarso Genro (PT) - 32,57%
Ana Amélia Lemos (PP) - 21,79%
Vieira da Cunha (PDT) - 4,27%
Roberto Robaina (PSol) - 0,77%
Edison Estivalete Bilhalva (PRTB) - 0,16%
Humberto Carvalho (PCB) - 0,04%
Brancos - 6,57%
Nulos - 5,16%
Quem é José Ivo Sartori
O peemedebista José Ivo Sartori nasceu em Farroupilha, na Serra gaúcha, em 1948. Na disputa ao governo do Estado, tem como vice na chapa o empresário e pecuarista José Paulo Cairoli (PSD). Com 66 anos, Sartori é professor formado em Filosofia. Ele deu início a sua carreira como político em 1976, quando, pelo então MDB, se elegeu vereador na cidade de Caxias do Sul. Seis anos depois conquistou o primeiro de cinco mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa do RS. No governo de Pedro Simon (PMDB), comandou a pasta do Trabalho e Bem Estar Social entre os anos de 1987 e 1988.
Em 2002 Sartori se elegeu deputado federal, mas permaneceu na Câmara por apenas dois anos. Em 2004, após duas tentativas anteriores frustradas, disputou e venceu a prefeitura de Caxias do Sul. Concorreu à reeleição para a prefeitura em 2008 encabeçando uma aliança formada por 14 partidos e novamente venceu. Em 2012 elegeu o sucessor à frente da prefeitura, o pedetista Alceu Barbosa Velho, que havia sido seu vice-prefeito, e deixou a administração com altos índices de aprovação.
No ano passado, quando o PMDB gaúcho especulava entre ele e o ex-governador Germano Rigotto como candidato para a eleição estadual, ganhou o apoio do senador Pedro Simon e teve seu nome fortalecido. Desde o começo das articulações, contudo, negou-se a apoiar no Estado a aliança nacional do PMDB com o PT e o nome da presidente Dilma Rousseff (PT) na corrida eleitoral. Em função da divergência, uma ala do PMDB gaúcho optou por lançar outro nome na disputa interna, mas Sartori venceu com folga a convenção partidária. Declarou apoio a Eduardo Campos para a eleição presidencial, fechou aliança com o PSB no Estado e manteve o apoio a Marina Silva após a morte de Campos. Além de PMDB, PSB e PSD, sua coligação inclui ainda PPS, PHS, PTdoB, PSL e PSDC.
Pouco conhecido fora de sua região do Estado e concorrendo com dois candidatos de projeção nacional, começou a corrida ao Piratini com baixas intenções de voto (na faixa dos 4%). Optou por uma campanha que evitou os ataques diretos, se colocou como opção à polarização entre PT e PP e reforçou uma imagem de homem simples, honesto e afeito ao trabalho, características atribuídas aos gaúchos descendentes de imigrantes italianos. A estratégia deu certo e, quando faltavam três semanas para o primeiro turno, começou a dar saltos nas pesquisas. Para o segundo turno, vai tentar concentrar o voto antipetista e buscará o apoio do PP e da parte do PDT que tem rejeição a Tarso Genro.
Quem é Tarso Genro (PT)
O governador licenciado Tarso Genro (PT), que tenta a reeleição, nasceu na cidade de São Borja, na região Sul do Rio Grande do Sul, em 1947. Tarso, 67 anos, foi eleito pela primeira vez em 1968, pelo então MDB, como vereador na cidade de Santa Maria. Após o AI-5 e duas prisões, exilou-se no Uruguai, onde permaneceu até 1972. De volta ao Brasil, integrava os quadros do MDB e, ao mesmo tempo, militava clandestinamente no Partido Revolucionário Comunista (PRC). Graduado em Direito, em paralelo com a atuação política, fez carreira como advogado trabalhista de renome.
Em 1988, já pelo PT, foi eleito vice-prefeito de Porto Alegre, na chapa de Olívio Dutra. Em 1990, disputou pela primeira vez o governo do Estado e ficou em quarto lugar, com 10% dos votos. Em 1992 e em 2000, elegeu-se prefeito de Porto Alegre. Em 2002, deixou o cargo para disputar o governo, em meio a um acirrado processo de disputa interna no PT, e novamente perdeu o pleito.
Com a eleição Luiz Inácio Lula da Silva presidente em 2002, passou a comandar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Ainda no primeiro mandato de Lula, foi ministro da Educação. Em 2005, durante o escândalo do Mensalão, assumiu a presidência nacional do PT e passou a defender uma refundação do partido. Com Lula reeleito, em 2006, comandou o ministério das Relações Institucionais e, depois, o da Justiça, do qual saiu em 2010 para mais uma vez disputar o governo gaúcho. Na campanha de 2010 conseguiu fechar aliança com ex-aliados no Estado, o PSB e o PCdoB, e venceu a eleição em primeiro turno. Para formar o governo, obteve apoio ainda do PDT e do PTB.
Nesta campanha de 2014, o candidato reúne, além de PT e PCdoB, o PTB, o PTC, o PROS, o PPL e o PR. PSB e PDT saíram do grupo. O primeiro passou a fazer oposição e o segundo acabou lançando candidato no primeiro turno. Durante a campanha, o governador foi o alvo preferencial dos outros seis concorrentes, à direita e à esquerda do espectro político. Eles questionaram, principalmente, a difícil situação das finanças do Estado, e o desgaste foi inevitável. Os confrontos mais diretos aconteceram com sua oponente no segundo turno, a senadora Ana Amélia.
Agora, o governador vai priorizar a negociação com o PDT, que sempre teve uma generosa fatia disposta a permanecer com ele. Mas vai tentar garimpar votos de progressistas. Apesar da rivalidade na eleição estadual, PT e PP são aliados em 36 prefeituras do Estado. E uma fatia considerável de lideranças progressistas municipais está alinhada a reeleição de Dilma.
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