Um "frentão" de partidos está se formando no Rio Grande do Sul para a disputa do segundo turno da eleição contra o governador Tarso Genro (PT), que tenta um novo mandato. O candidato do PMDB ao governo, José Ivo Sartori, em primeiro lugar no primeiro turno (com 40,40% dos votos válidos, ante 32,57% de Tarso), obteve o apoio de cinco partidos.
Com as articulações, Sartori pode liderar uma frente de 13 siglas. O peemedebista disputou o primeiro turno apoiado por uma coalizão que, além do PMDB, já tinha PSD, PSB, PPS, PHS, PTdoB, PSL e PSDC. Na tarde desta terça-feira, as executivas dos quatro partidos que formavam a coligação ‘Esperança que Une o Rio Grande’, de Ana Amélia, lançaram uma nota oficial. Na nota, PP, PSDB, SDD e PRB anunciam indicativo de apoio a Sartori no segundo turno e deixam clara sua expectativa de que, de forma recíproca, o peemedebista apoie o candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves.
Para formalizar o apoio a Sartori, o PP vai reunir o diretório amanhã e o PSDB na quinta-feira. “Para nós, é uma questão de coerência”, informou o presidente estadual do PP, Celso Bernardi, que mantém relação de proximidade com Sartori. O PP já participou das administrações do PMDB durante os governos de Antônio Britto e Germano Rigotto no Rio Grande do Sul. Foi aliado de Sartori quando ele administrou a cidade de Caxias do Sul, segundo maior colégio eleitoral do RS. “O Sartori aqui representa a mudança, assim como o Aécio é a mudança no País”, completou o presidente estadual do PSDB, deputado Adilson Troca.
O coordenador da campanha de Sartori e vice-prefeito de Porto Alegre (onde o PMDB é aliado ao PDT), Sebastião Melo, disse que o reforço das siglas não será apenas eleitoral, mas também programático. E aproveitou para alfinetar os adversários petistas. “Quase 70% dos gaúchos e gaúchas votaram pela mudança”, lembrou, em alusão a soma dos votos dos concorrentes de Tarso na disputa.
Além dos partidos que apoiaram Ana Amélia, também a executiva estadual do PDT se posicionou pelo apoio à candidatura de Sartori, na noite de segunda-feira. Na eleição de domingo, o PDT teve como candidato ao governo o deputado federal Vieira da Cunha, que obteve 4,27% dos votos, e o vencedor da disputa ao Senado, o jornalista Lasier Martins. Ambos fizeram forte oposição ao governo petista na campanha.
Mas o PDT integrou a administração Tarso até o final de 2013 e parte das lideranças é muito próxima ao governador. Além disso, um número ainda maior de pedetistas fechou com Dilma Rousseff e sente-se desconfortável em um palanque onde estará o PSDB. Por isso, o indicativo do PDT ainda pode sofrer alteração. O comando de campanha de Tarso passou esta terça-feira trabalhando para que a decisão da executiva trabalhista seja revertida na reunião do diretório do partido, que acontece amanhã à noite. Os petistas não sonham com um apoio do PDT a Tarso. Eles se movimentam para que o partido libere seus filiados, o que, avaliam, aumentará as adesões ao governador entre deputados e lideranças regionais. A coligação de Tarso reúne PT, PCdoB, PTB, PTC, PROS, PR e PPL.
Sartori, por sua vez, repete o que fez nas duas eleições em que disputou a prefeitura de Caxias do Sul. Em 2004, sua aliança inicialmente reunia PMDB, PDT, PTB, PPS e PSC. Depois do primeiro turno, foi costurando acordos e, quando venceu a eleição, comandou a prefeitura com 12 siglas. Em 2008, quando disputou a reeleição, tinha 14 partidos em sua coligação (PMDB, PDT, PTB, PP, PSDB, DEM, PSB, PV, PPS, PHS, PR, PRB, PSC e PSDC) para enfrentar o adversário petista (o hoje deputado Pepe Vargas), coligado com PCdoB, PMN e PSL. O número de siglas ao lado de Sartori fez com que só dois candidatos se apresentassem para o pleito e ele teve só um turno, apesar de Caxias possuir mais de 200 mil habitantes. Sartori venceu, mas a disputa foi apertada: ele obteve 134.320 votos. Pepe ficou com 112.818.