Tarso chama Sartori de Zé Ivo e causa desconforto em debate

Candidato peemedebista demonstrou constrangimento com tratamento. "Foi uma forma carinhosa", justificou o governador

28 jul 2014 - 11h24
(atualizado às 12h03)

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), causou desconforto no candidato do PMDB ao governo do Estado, José Ivo Sartori (PMDB), ao referir-se ao oponente "de maneira carinhosa" durante debate nesta segunda-feira, em Porto Alegre. Ao questionar o peemedebista sobre suas relações com o governo federal, Tarso chamou-o de Zé Ivo, e foi rebatido por Sartori.

"Eu não vou lhe chamar de Fernando, eu vou lhe chamar de Tarso. Embora essa relação não me ofenda de maneira alguma, me chamar de Zé Ivo", disse Sartori, referindo-se ao segundo nome do governador, que se chama Tarso Fernando. "Foi uma forma carinhosa", justificou Tarso. Sartori, em seguida, decidiu dar prosseguimento ao debate: "eu sei que nisso não vai nenhum demérito", desconversou.

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Principal adversária de Tarso na corrida pelo Palácio Piratini, a senadora Ana Amélia Lemos (PP) criticou a postura do governador ao fim do debate. "Aqui, o governador Tarso Genro - e eu acho que o respeito é muito importante - insiste em desprezar as biografias de seus oponentes. Trocar propositalmente o nome de um candidato (...), isso não é democrático. Aqui nós estamos em um debate entre adversários, e não entre inimigos", pregou a candidata, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

Tarso e Vieira duelam

O debate desta segunda-feira, no centro de Porto Alegre, foi promovido pela Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert) e pelo Sindirádio, e contou com a participação de sete dos oito candidatos ao governo do Estado – João Carlos Rodrigues (PMN) foi o único ausente. O debate foi dividido em três blocos: no primeiro, os candidatos responderam aos questionamentos de ouvintes; no segundo, os candidatos fizeram perguntas entre si; já o terceiro bloco ficou reservado para os agradecimentos de cada concorrente.

Apesar de restringir o confronto direto entre os candidatos, o primeiro bloco, com perguntas enviadas por ouvintes das rádios associadas, não impediu a troca de farpas entre os postulantes ao governo. Enquanto o último debate, promovido pela rádio Guaíba, foi polarizado por Tarso e Ana Amélia, desta vez foi Vieira da Cunha (PDT) o principal antagonista do governador.

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Após Vieira da Cunha responder a uma pergunta sobre o pagamento do piso nacional do magistério, Tarso Genro foi questionado sobre a política do governo para a ampliação de vagas no sistema prisional, mas dedicou boa parte de seu tempo para rebater afirmações do candidato pedetista. “O que se discute hoje no STF não é a lei do piso, é um critério de reajuste. O nosso governo deu a maior correção salarial da história do magistério, 76,6%. O PDT estava junto conosco no governo até então”, disse.

Guia do eleitor

Já no segundo bloco, Vieira da Cunha retomou o tema em sua pergunta a Tarso, tendo em mãos cópia da medida cautelar apresentada pelo governo gaúcho contra a lei do piso. Segundo o pedetista, Tarso não age com firmeza para defender os interesses do Estado, principalmente para garantir uma relação mais justa com o governo federal. “É um governo que só cavou mais fundo, empréstimo atrás de empréstimo. Ou nós mudamos essa relação com a União, e a União para de nos sangrar. Só da Lei Kandir, nos últimos 10 anos o Rio Grande já foi sangrado em R$ 27 bilhões. É hora de ter um governo que faça valer junto ao governo federal os interesses do Estado”, criticou.

Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos

Tarso, por sua vez, disse estranhar as críticas do pedetista, cujo partido chegou a integrar o seu governo. “Ô, Vieira, não garganteia com esse negócio de relação com o governo federal, porque o único governo que reclamou dessa questão da dívida pública foi o nosso governo. O único governo que até agora enfrentou essa questão não só do piso, mas também a renegociação da dívida, foi o nosso governo. E vocês participaram disso. Então eu estranho agora essa fúria contra o nosso governo”, disse. “Foi dito aqui que eu fui furioso. Não confundam fúria com indignação. Aqui não é um clube de amigos, é um debate entre candidatos ao governo do Rio Grande. Eu acho que tem que parar de gargantear, todos nós, em especial quem está no governo. Tem que agir”, rebateu Vieira da Cunha, no encerramento do debate.

Críticas a Aécio

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Em suas considerações finais, Tarso Genro aproveitou-se de dados do ranking de Competitividade dos Estados Brasileiros, divulgado no último sábado pela consultoria britânica Economist Inteligence Unit (EIU) em parceria com o Centro de Liderança Pública (CLP), para atingir o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), e indiretamente a candidata apoiada pelo tucano no Estado, Ana Amélia Lemos.

“Minas Gerais, depois de 7 anos e meio de governo demo-tucano, caiu de 2º lugar para 6º em termos de competitividade e atração de investimentos, porque a indústria teve um crescimento baixíssimo e o aumento do índice de criminalidade. Aqui no Rio Grande do Sul, nós temos uma visão de desenvolvimento que coloca o Estado para cima. O Rio Grande ficou estável, mas, mais importante, ele cresceu na economia e na renda. Enquanto o Estado que é modelo de uma gestão representada pelo senador Aécio Neves caiu”, disse.

Ana Amélia, porém, minimizou as comparações, e pediu que os eleitores fizessem uma avaliação das promessas não cumpridas pelo governador. “Quando ele (Tarso) compara governos passados, ele deveria ter mais lealdade com os gaúchos e agaúchas. Comparar o que ele prometeu e o que ele fez”, afirmou.

Fonte: Terra
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