Em campanha pela reeleição, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), disse na tarde desta quarta-feira que os estados mais endividados estão financiando os demais estados do País. "Estamos financiando a União e a União financia o País. Por isso, os outros estados não querem a reestruturação da dívida. Pagamos juros superiores àqueles referentes aos títulos que o Brasil coloca no mercado financeiro mundial", disparou o governador, durante palestra para empresários na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul). O RS, ao lado de São Paulo e Minas Gerais, figura na lista dos estados mais endividados.
Tarso declarou ainda que a presidente Dilma Rousseff (PT) foi pressionada para que o governo não apresentasse o projeto de reestruturação das dívidas dos estados e que, agora, a pressão continua, de forma a que o projeto não seja votado em novembro, conforme já negociado. O projeto altera o fator de correção de IGP-DI mais 6% ao ano para IPCA mais 4% ou taxa Selic (o que for menor). Para o Rio Grande do Sul, a mudança reduz para aproximadamente R$ 15 bilhões o estoque devido da dívida até o ano de 2028 e reabre o espaço fiscal, já no primeiro ano, para a tomada de novos empréstimos.
No RS, a dívida com a União, que consome 13% da receita corrente líquida (a pior relação entre todos os estados do País), se transformou em ponto central nos debates da corrida eleitoral. Os adversários de Tarso na disputa acusam o governador de não ter tomado iniciativas mais contundentes para tentar estancar o problema. Na Federasul, o governador adotou um tom duro para responder às críticas. “Não vamos resolver com uma esparrela elementar e primária de que algum de nós vai renegociar a dívida falando mais alto. Isso não é verdade. Isso é infantilidade e primarismo.”
Em suas considerações sobre o problema, Tarso também marcou posição em relação ao governo Dilma, que tem os gaúchos Arno Augustin como titular da Secretaria do Tesouro Nacional e Alexandre Tombini na presidência do Banco Central (BC). “Para mim não interessa quem está na área financeira do governo. Se eu tiver que me chocar novamente, vou fazer isso.”
Tarso minimizou ainda a artilharia adversária sobre outros dois pontos de sua administração: o número de cargos em comissão, os chamados CCs, e a utilização dos depósitos judiciais para financiamento do Estado. “Vou continuar usando os depósitos judiciais porque, sem eles, as políticas sociais terão que ser arquivadas. Já a pessoa que fala em reduzir os cargos em comissão, não tem conhecimento sobre a folha de pagamento do Estado.”
Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos