No debate realizado entre os candidatos ao governo do Estado do Rio Grande do Sul no SBT, na noite desta sexta-feira, pode-se dizer que o tom foi de morno a frio, com foco basicamente em segurança pública e na dívida pública. Enquanto Tarso Genro (PT), atrás nas pesquisas, fez um ataque mais forte explorando a impressão de que o adversário não tem propostas claras, José Ivo Sartori (PMDB) se voltou para a parte mais sentimental, dizendo que está com o “coração aberto”, aproveitando até para assumir para si promessas não cumpridas pelo adversário.
Veja alguns momentos, com as melhores falas destacadas:
Tarso indagou o adversário sobre a proposta peemedebista de substituição do policiamento comunitário, ao que o adversário disse que é algo que só funciona por conta dos municípios, além de responsabilizar o “governo federal que não investe, eu não arrisco dizer um percentual, mas não investe quase nada. Mas eu já abri o coração, vamos ver as experiências pelo País para uma política penitenciária diferenciada”, afirmou o peemedebista, juntando policiamento comunitário com a questão carcerária e sentimento pessoal, mas não sem deixar de falar que apoiará as PPPs (parcerias publico-privadas) e o trabalho social contra a violência.
Após o primeiro ataque do petista, Sartori não deixou barato e criticou o descumprimento da proposta de implantação de uma cerca eletrônico ao redor da capital, “que o senhor prometeu e não cumpriu”, além de pegar pra si a ideia dizendo que vai implantá-la. Tarso respondeu que não o fez por restrições do Tribunal de Contas do Estado, “não aceitaram nenhuma das formas que nós propusemos”, mas também disse que vai seguir tentando.
“Mas o candidato Sartori não respondeu a minha pergunta, ele não se lembra ou não leu o programa de governo que foi apresentado”, disse Tarso, insistindo na sua estratégia. “Nós estamos apresentando uma proposta concreta, e ele pede um cheque em branco”, continuou o petista.
O Gringo que Faz (lema da campanha do peemedebista) não deixou barato e rebateu que “cheque em branco foram todas as promessas que o senhor fez e não cumpriu”, sem elevar o ânimo ou o tom de voz.
Ai o tema mudou para a questão da dívida pública do Estado, assunto polêmico no Rio Grande do Sul. “Tivemos maior arrecadação e maior endividamento, que hoje é um dos maiores de todas a história do Rio Grande do Sul”, disse o peemedebista.
Tarso atribuiu o acordo da dívida a governos apoiados por Sartori, quando atuava na Assembleia Legislativa do Estado, além de dizer que “nós entregaremos o Estado, se eventualmente não formos eleitos”, para longo em seguida adotar uma postura mais positiva ”e nós vamos ser eleitos”, ao falar que termina com o governo melhor do que recebeu, e puxou um jornal com reportagem sobre a situação econômica gaúcha. Mas no bloco seguinte, foi repreendido por descumprir as regras do debate acordadas entre ambas as partes.
Mais uma vez Tarso fez o ataque: “ele não tem programa, ele não sabe explicar, não sabe o significado de uma afirmação que ele entregou ao Tribunal Regional Eleitoral, e agora fala da dívida de forma completamente equivocada”.
Sartori não deixou o ataque sem resposta, mas apelou para uma colinha, dizendo que a arrecadação aumentou “43% mais que o governo Rigotto (PMDB), 18% a mais que o governo da Yeda (PSDB), a diferença de arrecadação do ano passado foi de R$ 1,4 bilhão, e neste ano devemos chegar a R$ 3 bilhões”, afirmando que, apesar do aumento da receita, Tarso aumentou o endividamento.
Os jornalistas também fizeram perguntas a Sartori sobre falta de propostas. Ao que ele respondeu que nos debates do primeiro turno foram discutidas todas as propostas. “Tem gente que gostaria que as propostas fossem novamente promessas, e a promessa gera uma frustração, é isso que a sociedade colocou nas ruas do nosso País no ano que passou, que a gente não pode ficar prometendo aquilo que não pode realizar”.
Indagado sobre segurança e sobre o déficit no número de policiais militares, Tarso admitiu que “nós não temos previsão de contratar os 12 mil (policiais) necessários”, falando sobre as contratações que já estão sendo feitas para diferentes áreas.
Indagado sobre a dívida pública, Sartori criticou figuras de seu próprio partido, tentando aproximá-las de Tarso. Afirmou “sou do PMDB há 40 anos, nunca mudei de lado, eu tenho uma postura e uma posição dentro do PMDB que não é a mesma que o senhor tem com o (José) Sarney, com o (Renan) Calheiros e com outros”. Disse que assume seu papel na renegociação da dívida, quando atuava no legislativo, mas criticou Tarso, acusando-o de ter mudado de opinião sobre a questão.
“O senhor não é efetivamente do PMDB que apoia a presidenta Dilma e o presidente do seu partido, Michel Temer. Isso ai me parece uma certa incoerência, o senhor é de um PMDB que apoia o Aécio, que sequer conhece o Rio Grande do Sul, não sei nem se sabe localizar no mapa onde está o RS”, rebateu o petista, candidato a reeleição.
Ao responder sobre as propostas de Tarso para a renegociação, Sartori elogiou o adversário dizendo que “eu saúdo a mudança de opinião, é sinal de que o debate valeu, tá valendo, está se convencendo, até porque em outras situações dizia o contrário... hoje eu vejo com alegria, com satisfação, que vai ser um parceiro nessa nossa caminhada... agora pare de atribuir a mim uma postura a qual eu não me coloco, o senhor tem que ter respeito ao seu cargo”.
Nas considerações finais, Sartori pediu que a população acompanhe seus programas para saber de suas propostas, enquanto Tarso disse que tem ideias claras, em andamento, e pediu que não seja passado um cheque em branco para ninguém.