Alckmin evita visitar escola sem água em SP; Sabesp nega

Em agenda como governador e candidato, tucano trocou visita a escola na Brasilândia, na zona norte, por visita a unidade em Pinheiros, na zona oeste. Segundo funcionários da escola na Brasilândia, falta água "dia sim, dia não" na instituição

6 ago 2014 - 14h47
(atualizado às 23h32)
<p>Alckmin em visita a escola em Pinheiros, área nobre de São Paulo</p>
Alckmin em visita a escola em Pinheiros, área nobre de São Paulo
Foto: Taba Benedicto / Futura Press

O governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB) visitou na manhã desta quarta-feira uma escola técnica na avenida Faria Lima, em Pinheiros, em uma agenda “mista” – oficial e de campanha – na qual verificou o andamento de um programa estadual que mescla ensino médio e ensino técnico. O colégio se chama 24 de Março – quase “24 de Maio”, nome de outro colégio da capital que, segundo agenda oficial, seria visitado pelo candidato no mesmo horário, mas acabou substituído pela unidade na Faria Lima. O colégio 24 de Maio fica na Brasilândia, área de periferia na zona norte da cidade, e sofre, junto com o comércio da região, com interrupções no fornecimento de água, prática que o governo nega ser racionamento.

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A assessoria de campanha do candidato anunciou ontem à noite a agenda na zona norte, mas a corrigiu, cerca de uma hora depois – às 23h54 –, com o endereço de Pinheiros. Hoje cedo, porém, novo comunicado dava a visita na Brasilândia como o alvo do candidato.

No colégio 24 de Maio, hoje, às 7h45, funcionários se disseram surpresos com o cancelamento da visita, informado por uma funcionária da Secretaria Estadual de Educação cerca de 15 minutos antes. A unidade tem cerca de 2 mil alunos de ensino fundamental e técnico, e o fornecimento de água, afirmou uma funcionária que não quis se identificar, “interrompido durante a noite dia sim, dia não”. Até a supervisora da região Norte-1 da secretaria, Luzia Oliveira, perdeu viagem. Ela não quis dar entrevista.

Estabelecimentos localizados na avenida onde fica a escola, a Cantídio Sampaio, também relataram falta d’água de forma intermitente – a diferença é que todos os dias, e não dia sim, dia não.

“Têm dias em que a água falta 16h, 16h30. À noite, nunca tem. Quando acaba expediente e não tem água, o jeito é separar um balde para poder fazer a higiene antes de ir embora”, afirmou o mecânico Hugo Gomes, 20 anos, funcionário de uma oficina a poucos metros do colégio que seria visitado pelo governador/candidato à reeleição. “Para mim, isso é racionamento”, disse.

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Comerciante José Antônio Lobato questionou o racionamento não assumido na zona norte
Foto: Janaina Garcia / Terra

Funcionária de um salão de cabeleireiro na mesma avenida, Marilene de Jesus, 42 anos, afirmou que os cortes diários no fornecimento não têm afetado o expediente. “Porque acaba a água perto das 22h e volta umas 6h; a gente abre em horário comercial. Acredito que não tenha outro nome para isso que não racionamento, né?”, indagou. Já o comerciante José Antônio Lobato, 54 anos, dono de uma lanchonete na avenida, fez coro com a cabeleireira. “Não tem água de madrugada e a gente percebe isso logo cedo, quando liga a torneira e sai aquela água esbranquiçada e cheia de pressão”, relatou.

Já o vendedor de uma loja de autopeças José Airton Rabelo, 50 anos, contou que nem sempre o fornecimento para apenas de madrugada. “Tem dias que às 19h a torneira de água da rua está seca. O jeito é usar a caixa d’água”, definiu.

Procurada a respeito dos casos relatados à reportagem, a Sabesp informou que um técnico da companhia visitou a região e constatou "abastecimento normalizado". "A vistoria foi acompanhada pelos clientes presentes nas residências e na escola e todos dizem que não reclamaram de falta de água. Esclarecemos, ainda, que no dia 29 de julho houve uma interrupção no fornecimento de água na região para reparo de um vazamento na avenida Raimundo Pereira de Magalhães, cruzamento com a avenida deputado Cantídio Sampaio", informou a estatal, em nota.

O Terra ouviu no bairro as queixas dos entrevistados sobre a falta d'agua entre as 7h50 e as 10h30 desta quarta.

Falta d'água na zona norte de SP é rotina, dizem moradores
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Assessoria de campanha explica “agenda mista”

A assessoria de imprensa da campanha de Alckmin, por sua vez, informou que a agenda enviada hoje cedo informando sobre a visita ao colégio da Brasilândia “foi um erro” corrigido, conforme a assessora, com o envio de novo comunicado às 8h16 sobre a visita à escola de Pinheiros –marcada, porém, para as 8h.

A reportagem questionou o porquê de os funcionários da escola da zona norte terem sido avisados apenas hoje sobre a visita cancelada, mas foi informada pela assessoria do candidato que “a visita à escola foi agenda oficial; o pronunciamento após a visita que é agenda de campanha”. A agenda oficial na unidade foi confirmada também pelo Palácio dos Bandeirantes.

Fonte: Terra
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