Ao lado de figuras emblemáticas do massacre do Carandiru e em meio a críticas de “cretino” e “hipócrita” ao governo do candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato do PMDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, foi apresentado nesta quarta-feira a um grupo de 17 entidades ligadas à Polícia Militar como “o candidato amigo da PM”. O peemedebista devolveu o gesto ao afirmar que a corporação “mora do lado esquerdo do peito”.
Skaf falou a uma plateia de cerca de 100 pessoas ligadas à PM, da ativa ou da reserva, ao lado do candidato ao Senado Gilberto Kassab (PSD) e do presidente de sua coligação, o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho. No começo deste ano, a última de uma série de quatro levas de PMs acusados de matar 111 presos do complexo penitenciário do Carandiru foi condenada à prisão pela Justiça.
Além de Fleury -- que era governador em 1992, ano da chacina de 111 presos do pavilhão 9 --, que afirma ter dado a ordem de entrada aos PMs que combateriam uma suposta rebelião no Carandiru, esteve no evento de campanha também o advogado de policiais réus do Carandiru nos dois últimos júris populares, Celso Vendramini, candidato na chapa de Skaf a uma vaga na Assembleia Legislativa.
Skaf foi apresentado a problemas enfrentados pela categoria em cerimônia organizada pela Associação dos Oficiais da Polícia Militar (AOPM). Além da falta de efetivo policial, - a atual proporção é de um policial a cada 700 habitantes da Grande São Paulo ou de um para cada 507 em todo o Estado, por exemplo, segundo a entidade -, outros pontos apresentados na forma de slides ou de discursos foram a reestruturação das carreiras e a política salarial que, apesar de 8% recentes de reajuste concedido pelo governo, destacaram os anfitriões, ainda estaria defasada.
“Um PM de São Paulo ganha em média, inicialmente, com todos os benefícios, R$ 3.400, dos quais R$ 543 são insalubridade. É o 25º pior salário (entre as PMs) do Brasil, e, pelas correções do Dieese, deveria estar hoje em R$ 5.847 – até o PM de Aracaju, onde o custo de vida é quatro vezes menor que o de São Paulo, ganha mais que nós com salário de R$ 3.700”, criticou o coronel da reserva Flammarion Ruiz, assessor institucional da associação. “Esse governo é muito hipócrita para falar de política de segurança pública”, completou o policial.
Licenciado da presidência da Federação das Indústrias do Paraná (Fiesp), Skaf em mais de uma oportunidade afirmou que a equipe de campanha “vai se aprofundar” nos dados apresentados, prometeu, sem entrar em detalhes, “a valorização do policial” e ser “o comandante das polícias do Estado”. “As pessoas confundem, acham que segurança pública é responsabilidade da presidente da República, do prefeito, de secretário. Não vou abrir mão de ser o responsável como governador”, discursou.
Na plateia, políticos participantes da chamada “bancada da bala” na Assembleia e na Câmara de Vereadores, também candidatos em outubro, aproveitaram para criticar Alckmin, o secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella, e os 20 anos de governo do PSDB no Estado.
“O PM em São Paulo hoje está à mercê da própria sorte. Na periferia é o bandido que manda, que tomou conta. Entregamos o Estado a bandidos. Falei com Geraldo 500 mil vezes, com (o ex-governador José) Serra, mas os caras não ouvem”, reclamou o deputado estadual Roberval Conte Lopes (PTB), da reserva, que mirou também Grella. “Quem entrou (para mudar o quadro da segurança pública) também não entende nada, nem foi policial. Como que coloca em cargo desse alguém que nunca sentou em uma viatura?”, indagou. Nomeado em novembro de 2012, Grella foi procurador-geral de Justiça do Estado antes de assumir a SSP.
Também da “bancada da bala” na Alesp e, como Lopes, candidato a deputado federal, o major e deputado Olímpio Gomes (PDT) se convidou para “participar do plano de segurança” de Skaf e vociferou um “Fora Alckmin” e “Fora PSDB” à plateia. “Quem hoje é o maior inimigo do PM:
o (traficante preso) Marcola ou o Geraldo?”, provocou, para citar, em seguida, o número de 73 PMs mortos no Estado este ano.
Fleury, por sua vez, disse em discurso que governador “tem que ter posição e firmeza para comandar a polícia”. “Eles (tucanos) tiveram 20 anos para resolver o problema (da falta de segurança) e só o agravaram”, afirmou. “Se todo mundo tem direitos, por que o policial não tem?”, enfatizou.
À tarde, Skaf se reúne com a Associação dos Cabos e Soldados da PM para ouvir as propostas do grupo.
Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos