As duas nasceram em maio de 1959. Uma é cantora, a outra é motorista de ônibus e candidata a deputada estadual em São Paulo. A artista Gretchen e a anônima Paulina Rosa de Souza Jacinto não possuem nenhum parentesco, mas são tão parecidas que a paulistana se apresenta como Gretchen Cover desde o final dos anos 1970 - além de fazer apresentações, ela usa o apelido como seu nome de urna para as eleições deste ano, pelo PTdoB.
Nascida na capital paulista e moradora de Ferraz de Vasconcelos, Paulina se candidata pela segunda vez a um cargo político - a primeira foi em 2010, para vereadora da cidade em que reside. Em entrevista ao Terra, ela contou que já participou de novelas e programas na TV, além de falar sobre sua trajetória profissional e relatar que sofre preconceito por se apresentar como Gretchen Cover. “Sou discriminada nos eventos com políticos”, disse.
Após citar dados que evidenciam a desigualdade de gênero na política brasileira - no Senado Federal, entre 81 vagas, apenas 13 são ocupados por mulheres -, Paulina afirmou que já foi agredida a mando de um ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos, mas preferiu não citar o nome. “Fui espancada”, disse ela, ao contar que ele a convidou para trabalhar em sua campanha e prometeu que pagaria R$ 500 pelo serviço, mas não cumpriu. Após reclamar, Paulina foi agredida pela equipe do político.
Orgulhosa por não ter feito nenhuma plástica - "estou inteirona" -, a paulistana não deixou de ressaltar durante toda a entrevista a importância de projetos voltados para a mulher. A candidata se manifestou contra a violência doméstica - “quem bate, esquece, mas quem apanha, não” - e os estereótipos femininos. “Não sei cozinhar, não sou cozinheira, sou profissional para levantar bandeira a favor das mulheres.”
Marido confundiu com a Gretchen
Paulina contou que trabalhou como atriz até os 19 anos, quando se mudou com o marido para Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A confusão com Gretchen, no entanto, começou no final dos anos 1970, quando a cantora ficou conhecida entre o grande público. Na época, Paulina chegou a ser confundida pelo próprio marido. “Nós brigamos, porque ele achou que eu tinha enganado ele para aparecer na televisão”, contou.
Desde então, Paulina costuma ser abordada nas ruas, mas afirmou que tem o apoio até dos eleitores que praticam “bullying” com ela. “Os que fazem bullying também votam. Eles adoram, sempre querem que eu dance”, disse.
Questionada sobre suas principais propostas, ela respondeu: “ajudar ao ser humano. O ser humano está muito judiado. São muitas coisas, o dinheiro não vem para as pessoas certas. Eles controlam o voto do cidadão com assistencialismo”. “Quero abrir as portas para atender a população com carinho. O ser humano pra mim está em primeiro lugar”, finalizou.
Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos