O ex-presidente e líder do PT Luiz Inácio Lula da Silva está dando sua última cartada em São Paulo para tentar evitar um vexame na campanha do petista Alexandre Padilha nas eleições. Desde a última segunda-feira até domingo, data do pleito, Lula e Padilha completarão seis dias juntos em campanha. Além disso, a previsão é de que o candidato do PT também esteja acompanhado do ex-presidente durante a votação na região central de São Paulo. Desde agosto, quando as campanhas efetivamente começaram, Padilha e Lula estiveram juntos em 13 oportunidades.
De acordo com a última pesquisa Ibope divulgada na terça-feira, Padilha está em terceiro lugar nas intenções de voto, com 11%. O primeiro colocado é Geraldo Alckmin (PSDB), que soma 45% e estaria eleito no primeiro turno, seguido por Paulo Skaf (PMDB) com 19%. Apesar de estar com um número bastante abaixo do esperado para o período, Padilha cresceu nas últimas pesquisas, porém, o aumento ainda não foi suficiente.
O “desespero” do PT nos últimos dias é reflexo de uma campanha bastante atípica para todos os candidatos. Desde que Marina Silva (PSB) se tornou candidata à presidência após a morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto, a campanha petista e todas as outras se surpreenderam com os números das pesquisas de intenção de voto, colocando Marina no segundo turno com Dilma e deixando Aécio Neves (PSDB) de fora em uma disputa bastante acirrada. Isso preocupou o Partido dos Trabalhadores, que voltou suas atenções para as eleições presidenciais, deixando as estaduais em segundo plano.
Comparando o desempenho de Padilha ao de outros petistas nas três últimas eleições para o governo de São Paulo, o ex-ministro da Saúde pode protagonizar em 2014 um vexame para o Partido dos Trabalhadores. Nas eleições de 2002, o então deputado federal José Genoino competiu com Alckmin para governar o Estado. No primeiro turno o petista alcançou 32,44% contra 38,28% do tucano. No segundo turno, apesar da derrota, o ex-presidente nacional do PT obteve 41,36% dos votos, contra 58,64% de Alckmin.
No pleito seguinte, em 2006, os tucanos ganharam novamente, mas desta vez no primeiro turno. José Serra foi o vencedor com 57,928%, seguido pelo petista Aloísio Mercadante, com 31,683% - número bastante distante das intenções de voto de Padilha-, e por Orestes Quércia (PMDB), com apenas 4,574%. Em 2010 o desempenho petista não foi muito diferente e Alckmin voltou a vencer no primeiro turno. O tucano terminou a votação com 50,63% e Mercadante com 35,23%. Celso Russomano (PP) foi o terceiro com 5,42%.
Para evitar o vexame de sequer conseguir chegar ao segundo lugar, Padilha conta com a presença maciça de Lula e da presidente e candidata à reeleição pelo PT Dilma Rousseff. Na semana que antecede o pleito, Padilha iniciou os trabalhos ao lado de Lula em Franco da Rocha e em um comício em Campo Limpo. Na terça, dia de debate na Rede Globo, o petista voltou a ter o ex-presidente ao lado, desta vez em uma caminhada em Carapicuíba. Na mesma data Dilma também participou de uma caminhada com o ex-ministro da Saúde em Santos.
No dia seguinte, quarta-feira Lula e Padilha iniciaram os trabalhos em uma caminhada na Capela do Socorro. De noite, o partido organizou um comício com os dois na Cidade Tiradentes. Nesta quinta é a vez de Diadema receber o candidato petista e o ex-presidente. Eles fazem uma caminhada na cidade e partem para São Miguel Paulista para outra agenda juntos.
Amanhã, apesar de ainda não estar confirmado na agenda dos candidatos, Padilha e Dilma farão mais uma caminhada em São José dos Campos logo pela manhã. Em seguida, Lula se junta à dupla para andar pelo centro de São Paulo. No sábado, último dia de campanha antes do primeiro turno, o PT se junta em peso em seu maior reduto. De acordo com agenda de Padilha, ele estará acompanhado de Dilma e Lula em São Bernardo do Campo para a última tentativa de crescer.