Nunes confirma candidatura à reeleição em evento com Bolsonaro, Tarcísio e Temer

Prefeito chega à convenção com ampla coligação, mas sem o apoio formal do PSDB, partido do ex-prefeito Bruno Covas, de quem foi vice em 2020; principal desafio do emedebista é não ser rotulado como bolsonarista

3 ago 2024 - 03h10
(atualizado às 16h59)
Ricardo Nunes terá seu nome oficializado em convenção do MDB para formar chapa com Ricardo Mello Araújo, do PL
Ricardo Nunes terá seu nome oficializado em convenção do MDB para formar chapa com Ricardo Mello Araújo, do PL
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

O MDB oficializa neste sábado, 3, a candidatura do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), à reeleição. A convenção está marcada para as 10h, no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e vai contar com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além de Bolsonaro, estarão presentes no evento o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tido como o principal cabo eleitoral de Nunes na eleição; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL); e o ex-presidente Michel Temer (MDB), considerado um conselheiro próximo do prefeito. Espera-se, ainda, a participação de presidentes dos partidos que compõem a coligação de Nunes.

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Nunes vai chegar ao início oficial da campanha com o apoio de uma ampla coligação partidária, composta, além do MDB, por outros 11 partidos, um a mais do que o tucano Bruno Covas reuniu em 2020. A "frente ampla", como Nunes tem chamado seu grupo de apoio, inclui PL, PSD, Republicanos, União Brasil, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante.

A presença do União Brasil na coligação era incerta até duas semanas atrás, quando Nunes se reuniu com o presidente municipal do partido, vereador Milton Leite, para buscar um entendimento. Leite havia feito críticas públicas à relação com o prefeito e apresentou uma lista de reivindicações, incluindo mais espaço na administração municipal. A expectativa é que o partido confirme seu apoio a Nunes neste sábado, durante um evento na zona sul da capital paulista. Na última quinta-feira, o deputado federal Kim Kataguiri, que lutava para ser o candidato ao partido, desistiu da corrida eleitoral.

O mesmo desfecho não ocorreu com o PSDB, que, mesmo após apelos do prefeito, desembarcou do projeto de reeleição para sair em voo solo com o apresentador José Luiz Datena. O presidente do diretório municipal do PSDB em São Paulo, José Aníbal, condicionou a manutenção da aliança à vaga de vice na chapa de Nunes, proposta que foi rejeitada pelo prefeito. A saída dos tucanos foi uma surpresa durante a pré-campanha, especialmente porque o prefeito tem o apoio de boa parte da militância do partido.

A presença do PSDB na chapa de Nunes era considerada um ativo importante para transmitir uma mensagem de continuidade, e não de ruptura, em relação à gestão iniciada por Bruno Covas. Para reforçar essa ideia, o prefeito tem destacado o apoio de Tomás Covas, filho do ex-prefeito, à sua candidatura. Tomás assumiu o cargo de coordenador de Políticas para a Juventude da Prefeitura de São Paulo no mês passado e estará na convenção deste sábado.

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Prefeito se equilibra entre o bolsonarismo e o centro

Nunes oficializa sua candidatura à reeleição em um cenário menos otimista do que o desejado, sem estar isolado na liderança da disputa municipal, como previa até poucos meses atrás. Na última pesquisa Genial/Quaest, o prefeito aparece tecnicamente empatado em primeiro lugar com Guilherme Boulos (PSOL) e José Luiz Datena. A boa notícia para a campanha é que o prefeito lidera em todos os cenários de segundo turno testados pelo levantamento.

Desde o ano passado, o prefeito vinha se articulando nos bastidores para ser o único candidato do campo da centro-direita. Até certo ponto, a estratégia deu certo. Com a ajuda do governador Tarcísio de Freitas e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Nunes conseguiu impedir que Bolsonaro tivesse um candidato para chamar de seu na disputa eleitoral. O deputado federal Ricardo Salles (PL) tentou se lançar candidato, mas não conseguiu o apoio do ex-presidente ou do partido.

Tarcísio de Freitas é hoje o principal cabo eleitoral de Ricardo Nunes nas eleições de São Paulo
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

Nunes nadou sozinho na raia da centro-direita até a entrada do ex-coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa eleitoral, o que o forçou a se aproximar mais do bolsonarismo e aceitar a indicação do ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL) para a sua vice. Antes do "fator Marçal", o prefeito mantinha uma distância cautelosa de Bolsonaro, preocupado com o impacto negativo que essa associação poderia ter em sua campanha. O receio é explicado pela última pesquisa Quaest, na qual 75% dos eleitores não votariam em um candidato indicado por Bolsonaro.

Com o apoio do ex-presidente sacramentado, Nunes inicia a campanha com o desafio de manter o respaldo do eleitorado bolsonarista ao mesmo tempo em que tenta avançar para o eleitorado de centro, grupo que também será disputado por Datena. As estratégias delineadas pela campanha priorizam apresentar Nunes como o "melhor síndico" para a cidade, deixando o debate ideológico no fim da lista de prioridades.

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Na convenção deste sábado, o prefeito deve pregar uma mensagem de continuidade, e não ruptura, destacando sua trajetória e militância no MDB, único partido ao qual foi filiado, além de focar em apresentar as entregas de sua gestão.

Segundo integrantes da campanha, a ideia de realizar a convenção em um local aberto, com capacidade para acomodar um grande público, visa mostrar a força da ampla coligação, que inclui cerca de 700 pré-candidatos a vereador. A convenção foi planejada para ter ares de comício, dizem aliados, servindo como o primeiro ato de rua da candidatura do prefeito.

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