Sebastião Melo (MDB) foi reeleito prefeito de Porto Alegre (RS) neste domingo, 27. O emedebista disputava o segundo turno das eleições municipais com a deputada federal Maria do Rosário (PT).
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O resultado foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por volta das 18h15. Com 100% das urnas apuradas às 18h53, Melo foi reeleito com 61,53% dos votos válidos (406.467 votos), enquanto Maria do Rosário teve 38,47% (254.128 votos) na capital gaúcha.
Ao longo da campanha para o segundo turno, as pesquisas eleitorais já apontavam para a reeleição de Sebastião Melo, mesmo após a maior enchente já enfrentada pela capital gaúcha –que afetou 160,2 mil moradores da cidade e deixou mais de 172 mortos em todo o Estado. O tema foi o principal calcanhar de aquiles do emedebista na corrida eleitoral.
A vantagem nas urnas comprovou o levantamento Quaest, divulgado na véspera do 2º turno, que trouxe Sebastião Melo com 63% da preferência dos eleitores em votos válidos, contra 37% de Maria do Rosário (PT).
Manutenção da centro-direita em Porto Alegre
A vitória e reeleição de Sebastião Melo marca a ascensão da centro-direita em Porto Alegre, cidade que elegeu prefeitos de cunho liberal nas últimas três eleições municipais.
Desde a redemocratização, em 1985, a capital gaúcha elegeu um prefeito do PDT e cinco do PT, até que, em 2004, José Fogaça foi eleito pelo PPS e, em 2008, pelo PDMB. Ele deixou o cargo em 2010, após seis anos de mandato, para concorrer ao Governo do Estado.
Na ocasião, José Fortunati (PDT) assumiu a prefeitura porto-alegrense e foi reeleito em 2012. No pleito de 2016, Nelson Marchezan Júnior (PSDB) derrotou Sebastião Melo, ambos de centro-direita, e foi eleito o primeiro prefeito tucano de Porto Alegre.
Em 2020, Melo, que havia sido eleito deputado estadual em 2018, se candidatou novamente à Prefeitura de Porto Alegre e venceu o pleito no segundo turno contra Manuela D’Ávila (PSOL), com 54,63% dos votos válidos.
Campanha em Porto Alegre
O fim da apuração do primeiro turno das eleições cravou a disputa entre Sebastião Melo --que teve 49,72% dos votos (345.420 votos), um ponto percentual a menos do necessário para consagrar a reeleição--, e Maria do Rosário, que ficou em segundo lugar com 26,97% dos votos (182.553 votos).
Porto Alegre, no entanto, liderou entre as capitais brasileiras com a maior porcentagem de abstenção. Com 1.096.641 eleitores, 31,51% dos porto-alegrenses aptos a votar não compareceram às urnas no primeiro turno, totalizando 345.544 ausências. As abstenções superaram nominalmente a quantidade de votos obtidos por Melo no primeiro turno.
Adversários de Melo e Maria do Rosário manifestaram apoio no segundo turno. Em terceiro lugar na disputa, com 19,69% dos votos, Juliana Brizola (PDT) declarou apoio à candidatura da petista. Melo, por sua vez, recebeu o apoio de Felipe Camozzato (Novo), que ficou em quarto lugar no pleito, com 3,83% dos votos, e do PSDB, partido do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
Na reta final da campanha, tanto Melo como Maria do Rosário deixaram de lado a postura mais comedida, vista no primeiro turno, e adotaram um tom mais ofensivo, com ataques pessoais envolvendo a competência um do outro.
A campanha de Melo foi alvo de uma decisão judicial, que determinou a remoção de uma peça de campanha com um jingle que fazia alusão à adversária como ‘Mariazinha’. A decisão aponta que a publicidade infringiu a lei que criminaliza a violência política de gênero, ao se referir de forma depreciativa à condição de mulher de Maria do Rosário.
Um evento de campanha do emedebista também foi alvo de petição do PT. O diretório do Partido dos Trabalhadores acionou o Ministério Público Eleitoral contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro por propaganda caluniosa e difamatória contra a candidata petista, durante a participação em um evento ao lado de Melo.
Na ocasião, Michelle, representando o PL, acusou o PT de ser uma ‘facção’, ‘querer roubar’ e possuir ‘insanidade mental’. “A gente não pode aceitar o partido das trevas, (Sebastião) Melo. A gente sabe que onde tem o PT tem fome, tem desgraça, tem mentira, tem insanidade mental, porque não é possível ser só maldade".
Entre as propostas citadas ao longo do segundo turno, Sebastião Melo citou a ampliação de hospitais de Porto Alegre, a implantação de policlínicas e ampliação do atendimento de postos de saúde, principalmente durante o expediente noturno. Ele também reiterou que pretende cumprir os quatro anos de mandato, sem se afastar da Prefeitura para disputar as eleições federais em 2026.
Quem é Sebastião Melo
Sebastião Melo, de 66 anos, nasceu em Piracanjuba (GO), mas vive em Porto Alegre desde 1978. O candidato e, agora prefeito reeleito do MDB, é formado em Direito e trabalhou como advogado antes de se eleger vereador da capital gaúcha, vice-prefeito da cidade durante a gestão de José Fortunati (eleito pelo PDT) entre 2013 e 2016, além de deputado estadual no Rio Grande do Sul.
Melo ficou na Assembleia Legislativa até 2021, quando renunciou ao mandato para assumir a Prefeitura de Porto Alegre. Ele chegou a concorrer ao cargo em 2016 e conseguiu ir para o segundo turno, mas terminou derrotado por Nelson Marchezan Júnior (PSDB). Na disputa seguinte, com apoio do então presidente eleito Jair Bolsonaro (hoje no PL), derrotou Manuela D'Ávila (PSOL).
Em 2024, a gestão de Sebastião Melo enfrentou críticas, especialmente devido à resposta às enchentes que deixaram o Rio Grande do Sul debaixo d'água em maio. Durante a campanha, no entanto, ele apresentou propostas de reconstrução, mapeamento de áreas vulneráveis com inteligência artificial e a construção de um novo hospital municipal. Melo também destacou a revitalização dos equipamentos públicos durante sua gestão e melhorias no transporte e infraestrutura.