Pré-candidata do MDB à Presidência, a senadora Simone Tebet afirmou que somente uma chapa única de centro é capaz de impedir a polarização da disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo formado por MDB, União Brasil e PSDB deve anunciar hoje que terá apenas um candidato ao Planalto. O nome será definido até maio, de acordo com as pesquisas. "Só a união da terceira via tira Bolsonaro do segundo turno", disse Tebet, em entrevista ao Estadão/Broadcast Político. "Temos uma bala de prata".
Qual é o estágio atual da sua pré-candidatura e da aliança na terceira via?
O centro democrático está deixando de ser a terceira via para a ser a única via. Amanhã (hoje), os presidentes dos partidos vão anunciar que a candidatura é única. De sete candidatos, nos transformamos em dois: o PSDB e eu. No PSDB, o candidato de forma legítima é o Doria (ex-governador João Doria) porque ele ganhou as prévias. No MDB, tenho aval da Executiva.
Mas qual será o critério para definir o candidato?
Eu sou pré-candidata a presidente. Não tenho plano B, nem de ser vice. Temos apenas uma bala de prata, que será dada por pesquisa qualitativa.
Como a senhora recebeu a declaração do ex-governador Eduardo Leite de que pode ser seu vice?
Ele me surpreendeu positivamente e liguei para agradecer. Para acabar com a polarização, as pessoas querem algo novo. Eu sou o novo porque sou a única pré-candidata mulher e hoje quem mais rejeita os dois pré-candidatos (o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro) é o eleitorado feminino.
Qual será o foco desse grupo na eleição?
O foco é apresentar a solução para o problema da fome, da miséria, do desemprego e da desigualdade social. É dizer que não há solução na polarização Lula e Bolsonaro. Isso levaria o segundo turno para 31 de dezembro de 2026. O Brasil precisa de paz, tem que acabar com esse discurso de bem contra o mal.
E esses diretórios do MDB que querem apoiar o ex-presidente Lula no primeiro turno, principalmente no Nordeste?
É um equívoco achar que o MDB mais forte é o do Norte e do Nordeste. Hoje, o forte está no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Dá para fazer uma campanha mesmo com uma ala do partido dando palanque para Lula ou Bolsonaro?
Isso vai acontecer com vários. Alguém acredita que o Centrão vai deixar de ganhar voto para pedir voto para o Bolsonaro? Ninguém amarra santinho em uma região que o candidato cabeça de chapa não desponta.
Bolsonaro está fora do jogo, na sua avaliação?
Ainda não porque tem uma franja (parcela) que só está com Bolsonaro por medo do PT. Quando essa franja sentir que tem um candidato do centro, isso migra. Conversei com Doria, com o Eduardo Leite, com o Bivar (Luciano Bivar, presidente do União Brasil), tinha conversado com Sérgio Moro e nós selamos um pacto em favor do Brasil. Só essa união da terceira via tira Bolsonaro do segundo turno.
O ex-ministro Ciro Gomes diz que a terceira via é composta por viúvas de Bolsonaro. Dá para incluir Ciro em uma composição?
Eu não sou viúva de Bolsonaro porque eu nunca fui da base do Bolsonaro. Só estou esperando ser a candidata do centro para pedir cafezinho com o Ciro.
O presidente ainda pode tentar ganhar lançando medidas neste último ano de mandato?
A lei eleitoral é muito rigorosa. Ele não pode aumentar o dinheiro do Auxílio Brasil, infelizmente. Reajuste salarial fora da inflação, não tem jeito. Vamos lembrar que a inflação está corroendo os R$ 400 do auxílio. Não temos governo, é um desgoverno.
Não dá para saber porque eu não conheço a proposta do PT. Lula vai querer fazer tudo que não fez até agora para se eternizar, como a família Peron.