O centro e o centro-direita foram os verdadeiros vencedores das eleições municipais, já que são candidatos desta vertente que vão comandar a maior parte das prefeituras do Brasil a partir de 2025. O PSD (Partido Social Democrático), legenda dirigida nacionalmente pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, por exemplo, se tornou a sigla com maior número de prefeitos do Brasil, superando o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
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O PSD fez 887 prefeitos, uma variação de 233 a mais em relação a 2020. O MDB, que tinha a maior quantidade de prefeituras, teve 853 eleitos em 2024. União Brasil (583), PL (516) e Republicanos (435) fecham o top cinco.
Apesar do predomínio do Centrão, há nomes que ficaram mais fortes, tanto na esquerda quanto na direita, segundo o diretor e fundador do Instituto de Pesquisa Locomotiva, Renato Meirelles.
Para o especialista, do ponto de vista da esquerda, dois políticos se tornaram grandes expoentes: João Campos (PSB), reeleito ainda no primeiro turno no Recife (PE), e Guilherme Boulos (PSOL), que perdeu a eleição em São Paulo para Ricardo Nunes (MDB). Além de candidatos do PT do Ceará --na capital, Fortaleza, o petista Eduardo Leitão venceu disputa acirrada com André Fernandes, do PL.
“Mesmo perdendo a eleição, [Boulos] se consolida como uma grande referência da esquerda, talvez hoje a maior referência da esquerda fora o Lula, e o ministro da economia, Fernando Haddad. Eles são as duas expressões nacionais da esquerda hoje, e uma atenção especial ao PT do Ceará, que primeiro derrotou o time de Ciro Gomes no primeiro turno, e impediu com que o bolsonarismo crescesse no Estado. Então, sem dúvida nenhuma o PT do nordeste passa a ter o Ceará como uma grande referência dos seus prefeitos”, afirmou Meirelles durante transmissão de live do Terra.
Já no campo da direita, o fundador do Instituto de Pesquisa Locomotiva aponta para Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás, e Ratinho Júnior (PSD), que comanda o Paraná. Os dois conseguiram eleger os seus candidatos nas capitais, mesmo com os adversários apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Nós temos figuras na direita bastante fortes, inquestionavelmente fortes. Nós temos o governador de Goiás, o Caiado, que sai bastante fortalecido, ganhando de um candidato bolsonarista [Fred Rodrigues (PL)], apoiado literalmente por Bolsonaro. O Ratinho Júnior conseguiu eleger o candidato do seu partido de Curitiba, mesmo o PL sendo vice do candidato Pimentel, o Bolsonaro apoiou a adversária [Cristina Graeml (PMB)]”, explicou.
Em São Paulo, Renato Meirelles destaca que Tarcísio entrou de fato na campanha de Nunes, enquanto Bolsonaro só declarou apoio ao candidato à reeleição nos “48 do segundo tempo”.
“O Nunes ganhou independente do apoio de Bolsonaro. Aliás, muitos bolsonaristas acreditavam que o Marçal era o verdadeiro candidato de Bolsonaro, que chegou aos 48 do segundo tempo meio que soltando um 'oi, sumido' para o Ricardo Nunes, mas todo mundo sabe que o grande cabo eleitoral do Nunes foi o Tarcísio de Freitas”, afirma.
Pablo Marçal (PRTB), por sinal, ainda é considerado uma “incógnita” quanto às suas pretensões futuras e o peso que o discurso dele teria fora de São Paulo, tanto capital quando Estado.