A candidata à Presidência da República Simone Tebet (MDB) afirmou na manhã desta segunda, 19, durante sabatina promovida pelo Estadão em parceria com a FAAP em São Paulo, que a atual polarização entre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o “pior dos mundos para o Brasil”.
Segundo a senadora, se as pesquisas de intenção de voto forem confirmadas pelos eleitores, esse cenário se estenderá até dezembro de 2026, impedindo que se alcance a paz no País.
“Não tem carta na manga, não tem fórmula mágica. A fórmula mágica é o próprio processo eleitoral. (...) A fórmula mágica é vivermos numa democracia e não abrir mão dela. A única coisa que eu tenho a oferecer para o Brasil é o meu amor incondicional pelo povo brasileiro e a coragem de fazer o que é certo. O segundo turno entre o ex-presidente Lula e o atual presidente, se isso acontecer, é o pior dos mundos para o Brasil. O Brasil não vai ter paz”, afirmou.
Simone reconheceu que sua tarefa não é fácil. Com uma média de 5% nas pesquisas de intenção de voto, ela afirmou que já viu candidatos com esse patamar de votos ganhar as eleições. “Eu me recuso a desistir desse Brasil que eu sonho diante de um cenário que, pra mim, nenhum dos dois (Bolsonaro e Lula) serve. Estou diante de um processo eleitoral em que me recuso a aceitar que nesta eleição, que é mais importante do Brasil desde a redemocratização, nós tenhamos que optar pelo menos pior.”
Ao comentar que sua candidatura reúne duas mulheres - a vice na chapa é a senadora Mara Gabrilli (PSDB) -, Simone ressaltou que seu nome é o menos rejeitado entre todos os presidenciáveis. “Como mulher, sabemos que as mulheres hoje são as mais propensas a não votarem nem em Lula nem em Bolsonaro.”
Sobre um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, a senadora preferiu não se posicionar. “A nossa candidatura não é só eleitoral, é uma candidatura política, de posicionamento. Eu estou aqui, eu sou um soldado a favor da democracia e das liberdades públicas. Estamos aqui para abrir caminhos, para construir pontes”, disse, sem mencionar para que lado caminhará no segundo turno, caso fique de fora mesmo dele.
Orçamento secreto
Ao responder sobre temas econômicos e seu plano de governo para manter os auxílios e ao mesmo tempo cumprir suas promessas de elevar o crédito, por exemplo, Simone criticou o governo Bolsonaro, “É um governo que não planeja nada, não sabe onde quer chegar, nunca soube e, por isso, nunca apresentou políticas públicas sérias. Diante desse cenário, nós temos que primeiro focar na macroeconomia brasileira. A solução está na eleição de uma candidatura de centro que, com moderação, equilíbrio e diálogo, é capaz de dialogar com todas as frentes”, disse.
A senadora afirmou que, se eleita, dará transparência absoluta ao Orçamento da União, "que ainda será considerado um dos maiores escândalos de corrupção da história do País, o orçamento secreto.”
A candidata também se comprometeu a aprovar uma reforma tributária nos primeiros seis meses de governo. “Temos que obviamente fazer as reformas, enxugando de um lado, e do outro, abrir o crédito”, completou.
'Revogaço' dos decretos de armas
“Vou fazer um grande revogaço dos decretos do presidente da República (sobre armas)”, disse a candidata ao ser questionada sobre o aumento significativo de brasileiros armados com permissão e incentivo do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ela, armas compradas por supostos colecionadores e participantes de clubes de tiro estão indo parar na mão de bandidos.
Na área rural, no entanto, a senadora deu a entender que não impediria a posse. “A legislação está de bom tamanho. Eu ajudei, inclusive, a aprovar nesse sentido, especialmente pensando na mulher. Eu sou do campo e conheço a realidade. Às vezes, as mulheres ficam sozinhas nas sedes (de fazendas), enquanto eles (homens) vão cumprir missão no campo, e ficam muito à mercê. Já existe essa lei que permite que a mulher possa ter a posse de arma dentro do território dessa fazenda, porque o homem já tinha o facão a arma e a mulher ficava à mercê.”
Simone Tebet também afirmou que deseja recriar o Ministério Nacional da Segurança Pública. " É necessário que a gente faça segurança pública numa ampla coordenação. Estados brasileiros não dão conta sozinhos de combater o crime organizado e diminuir a violência no Brasil. Por uma única razão, a violência e o crime não são estaduais, mas nacional e, muitas vezes, internacional.”
Calendário
Na última sexta-feira, 16, a sabatina receberia o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas o candidato à reeleição recusou o convite para o evento. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também informou que não comparecerá à sua entrevista, marcada para 20 de setembro. Debates propositivos substituem a presença dos candidatos.
O próximo presidenciável a ser recebido pela iniciativa do Estadão/FAAP é Ciro Gomes, na quarta-feira, 21.