Ninguém consegue entrar na loja de eletrônicos do comerciante Ederson Fabiano Nicolau, de 38 anos, no centro de Saltinho, interior de São Paulo, sem pisar na foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, impressa em uma espécie de capacho.
"Aqui ninguém entra sem limpar bem os pés", disse Nicolau, que se declara "bolsonarista roxo, armamentista e CAC (caçador, atirador e colecionador de armas)". A fachada da loja está decorada com uma foto do presidente Jair Bolsonaro, do PL, candidato à reeleição.
Para o funcionário público Val Mazziero, de 62 anos, um dos poucos lulistas declarados da cidade, Saltinho é tradicionalmente uma cidade "chapa-branca", que apoia quem está no governo. "Era um reduto tucano, agora é bolsonarista."
Até 1991, Saltinho era distrito de Piracicaba e, em 30 anos de autonomia (foi emancipada em 1992), só teve dois prefeitos que não eram do PSDB. A cidade foi fundada por um militar, o sargento-mor Fernando Ferraz de Arruda, conhecido como Major Fernando, e logo se tornou um dos principais polos canavieiros do interior. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em conta indicadores de qualidade de vida, é o 33.º mais alto entre os 645 municípios paulistas, superando cidades como Piracicaba e Araçatuba. Não há favela e apenas 110 pessoas recebem o Auxílio Brasil.
Raio X
Saltinho tem 8.498 habitantes e 5.661 eleitores. Era distrito de Piracicaba até 1991. O Índice de Desenvolvimento Humano é 0,791 (alto) e a expectativa de vida é de 77,35 anos.