O último dia de campanha dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo foi marcado por grandes atos públicos, controvérsias e aposta em padrinhos políticos. Guilherme Boulos (PSOL) realizou uma carreata com a presença de Lula, criticando o falso laudo sobre drogas divulgado por Pablo Marçal (PRTB). Marçal, por sua vez, se esquivou das acusações durante sua maratona pela cidade.
Enquanto isso, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) participou de caminhada ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na zona leste. Nunes mostrou confiança para chegar ao segundo turno e condenou a publicação do documento falso, chamando o ex-coach de "bandido".
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Carnaval de Boulos
Ao som de batuques e samba, a carreata do candidato Guilherme Boulos tomou conta da Avenida Paulista na manhã deste sábado, 5, véspera do primeiro turno das eleições. Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a manifestação atraiu cerca de 30 mil pessoas, segundo a campanha.
A carreata começou às 10h, e logo a atmosfera se transformou em um verdadeiro carnaval. A multidão se reuniu ao som de sambas-enredo, acompanhada por uma bateria animada e um trio elétrico que desfilava pela Avenida. Tanto apoiadores de Boulos quanto de Lula cantavam em coro, mesclando as letras com o número do candidato.
Além do presidente e do candidato, estiveram presentes figuras como a ministra Marina Silva, a ministra Sônia Guajajara, o ministro Paulo Teixeira, a ex-prefeita Luiza Erundina, além dos pais de Boulos.
Em entrevista durante o evento, Boulos comentou sobre o laudo falso de uso de droga e surto psicótico compartilhado na última noite, 4, pelo candidato Pablo Marçal. “A gente já tinha visto nessa campanha o desespero dos nossos adversários com o crescimento da onda da mudança em São Paulo. Ontem, um deles chegou ao limite de falsificar um documento, mas a farsa caiu, a farsa foi desmascarada em poucas horas”, afirmou o candidato. Ele ainda destacou a importância de que a verdade prevaleça nas últimas horas antes da votação, pedindo que a Justiça tome medidas rápidas.
Lula, que também discursou durante o evento, enalteceu a trajetória de Boulos e reforçou a confiança na escolha popular: “O povo já sabe quem não sabe governar. O povo já sabe quem só sabe falar bobagem, fazer provocação. E o povo já sabe quem é que tem compromisso com ele", afirmou o presidente. Lula ainda criticou o papel da Justiça Eleitoral, mencionando a lentidão em casos de fake news e destacando que esse tipo de atitude não deveria impactar as eleições.
Marçal e corrida pelo povo
Na reta final do primeiro turno das eleições municipais de 2024, Pablo Marçal decidiu correr por São Paulo como último compromisso de campanha. O ato, que a campanha de Marçal chamou de “corrida pelo povo”, começou na madrugada de sexta, 4, para sábado, 5, e deve terminar apenas na manhã de domingo, 6, na frente do colégio onde ele vota.
Marçal iniciou o trajeto na Marginal Tietê, passando pela Estação Corinthians-Itaquera e o Parque Ibirapuera. Segundo sua equipe, o percurso é decidido “em tempo real” pelo próprio candidato, com o objetivo de percorrer 128 km ao todo.
Enquanto corria, a campanha publicava vídeos nas redes sociais, citando suas motivações: “Criar 2 milhões de empregos”, "valorização da família”, “contra o aborto - até que o perfil foi derrubado pela Justiça Eleitoral de São Paulo, neste sábado, após ação da campanha de Boulos.
O ato foi marcado por fervorosos apoiadores que o seguiam em veículos ou a pé, enquanto alguns gritavam e buzinavam em apoio. Na parada na estação, algumas dezenas de pessoas se mostravam suadas após tentarem acompanhar a corrida, enquanto outras seguiam em carros e motos, acelerando e tocando buzinas, engolindo as falas do candidato. Durante uma coletiva, Marçal, envolto em uma bandeira do Brasil, foi interrompido diversas vezes por gritos e manifestações dos seguidores.
Na estação Itaquera, onde havia corrido 62 km, conforme a campanha, Marçal foi evasivo ao ser questionado sobre o laudo. "Eu recebi e publiquei”, disse, sem garantir a veracidade do documento. Em seguida, criticou Boulos, chamando-o de "criminoso" e dizendo que ele "não merece um pingo de respeito".
Nunes em caminhada com Tarcísio
O candidato à reeleição Ricardo Nunes contou com o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma caminhada em São Miguel Paulista, na zona leste da cidade, no último dia de campanha eleitoral.
Apoiadores e funcionários da campanha se reuniram nas calçadas da Rua Salvador de Medeiros, na altura do número 181, para acompanhar a caminhada de Nunes e Tarcísio. O ato foi marcado por bandeiras e 'gritos de guerra' com o número de Nunes e de outros candidatos a vereador do MDB, enquanto um carro de som anunciava "o prefeito do povo" em São Miguel Paulista.
A presença das câmeras e da imprensa também despertou a atenção dos moradores que perguntavam aos jornalistas 'o que estava acontecendo'.
Nunes e Tarcísio cumpriram o protocolo com simpatia, entraram nos comércios, tiraram fotos e cumprimentaram os moradores, o que transformou o pequeno trajeto de 280 metros em um percurso demorado. Ao chegarem na Praça do Forró, próxima à Catedral de São Miguel Arcanjo, a dupla discursou para os apoiadores, agradecendo a presença e, claro, pedindo votos. Já na coletiva, o assunto do dia foi o documento falso publicado por Marçal que ligava Guilherme Boulos ao uso de cocaína.
Nunes chamou Marçal de "bandido" e afirmou que não há possibilidade de acordo entre as campanhas, nem mesmo em um eventual segundo turno. "Eu não faço acordo com bandido. Ele é um bandido", declarou o prefeito à imprensa.
Sobre possíveis medidas judiciais referentes ao documento falso divulgado pelo adversário, o candidato do MDB afirmou que deixou a questão nas mãos de seus advogados. "Eu não sei se cabe algo. Se couber, com certeza, nós vamos dar a nossa contribuição pra proteger a nossa democracia e repudiar de forma veemente esse tipo de atitude. Não se faz isso", acrescentou ele.
Tarcísio de Freitas (Republicanos) também lamentou o episódio. Para ele, "se o Brasil fosse sério, Marçal ia preso”, disse. "É uma falsificação grosseira. A fraude vai ser comprovada com muita facilidade. Não dá pra entender, é surreal que está acontecendo. O descaramento de soltar um documento desse, dessa forma, é algo que eu não consigo alcançar", explicou o governador.