A recém-criada Unidade Popular (UP) anunciou nesta quarta-feira, 16, em convenção partidária, que vai abrir mão de lançar Vivian Mendes como candidata à prefeitura de São Paulo para apoiar a chapa do PSOL formada por Guilherme Boulos e Luiza Erundina. É a primeira eleição municipal que o partido participa.
O movimento é similar ao do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que também desistiu de nome próprio para apoiar o PSOL. Segundo a UP, a evolução do processo político deu a Boulos e Erundina maiores condições de expressar a "unidade da esquerda".
"Propusemos a formação de uma unidade de esquerda programática entre UP, PCB e PSOL e os movimentos e correntes de esquerda para disputar as eleições e governar São Paulo", diz o texto lido por Vivian e aprovado na convenção desta quarta. "A formação dessa frente é uma passo necessário para uma maior unidade contra a ascensão das ideias e práticas fascistas, racistas, xenófobas e machistas que está em curso em nosso País."
A UP é o mais novo partido político do Brasil e teve sua criação aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dezembro de 2019. Vivian foi uma das fundadoras do partido e contou, em entrevista ao Estadão no final de agosto, que o partido não é "racha" de outro. "Olhamos para as grandes jornadas de junho de 2013 e consideramos que havia uma grande crise de representatividade e era importante institucionalizar um partido e dar voz a movimentos como os de moradia."
'Poder popular'
Filha de operários, Vivian nasceu e cresceu em Guaianases, periferia da zona leste de São Paulo, e começou sua militância no movimento de luta nos bairros. Ela foi ainda uma das fundadoras do Movimento de Mulheres Olga Benario, que luta por melhores condições de vida e igualdade de direitos das mulheres.
Apesar do engajamento político, Vivian diz nunca ter sido filiada a partido político. Ela se formou em Comunicação Social pela Unesp e trabalhou no terceiro setor, como assessora de imprensa. Atualmente, aos 39 anos, ela é presidente estadual da UP e conta que toca o partido principalmente a partir de doações e participação de voluntários.
Enquanto pré-candidata, defendia a construção do que chama de "projeto de poder popular". É a ideia de que o poder precisa ser parte da vida de toda população. Segundo ela, a esquerda de maneira geral historicamente vem se afastando do povo. "Várias avaliações (feitas por partido de esquerda) nós não concordamos. Por exemplo que o povo é fascista porque votou no Bolsonaro. Ou que as pessoas não ligam para política."