Nesta terça-feira, os oito principais candidatos à Presidência da República participaram de mais um debate, desta vez promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e transmitido pela TV Aparecida em parceria com o Terra.
Durante mais de duas horas Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Luciana Genro (Psol), Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (PV), Levy Fidelix (PRTB) e José Maria Eymael (PSDC) debateram reforma política, aborto, homofobia, habitação e economia. O recente escândalo envolvendo a Petrobras foi abordado no final do encontro e rendeu uma acalorada discussão entre Aécio Neves (PSDB) e Luciana Genro (Psol). Confira os destaques em frases dos postulantes ao cargo máximo do executivo brasileiro.
"Vamos quebrar a casta de políticos pela base. Política não é carreira, é para servir", disse Eduardo Jorge (PV) sobre os resultados que ele buscaria com sua reforma política.
"Chega a ser criminoso o que fazem com os partidos menores. Vislumbro o que Cristo falou lá atrás: procurou aos menos favorecidos e não aos fariseus e romanos", afirmou Levy Fidelix (PRTB) sobre a desigualdade entre os tempos de rádio e TV a que os partidos tem direito no horário eleitoral gratuito, tema que sua proposta de reforma política abordaria.
"(Queremos) uma proposta que seja capaz de atualizar o processo político do Brasil, que volte a fazer uma ligação entre representantes e representados. Defendemos o financiamento público de campanha. A sociedade brasileira dá um sinal que está na frente das suas lideranças políticas", declarou Marina Silva (PSB), sobre as bases de seu projeto de reforma política.
"As políticas públicas não podem estar subordinadas a nenhuma crença, por isso defendo a união civil homoafetiva. É preciso combater a homofobia, discriminação através do racismo, pregar o bem e a igualdade, independente da religião", disse Luciana Genro (Psol) ao falar sobre o Estado laico e a homofobia.
"Defendemos a permanência do modelo de contribuição da iniciativa privada. Não podemos colocar mais carga sobre o cidadão brasileiro", declarou Pastor Everaldo (PSC) sobre o financiamento de campanhas no seu projeto de reforma política.
"Infelizmente nós vamos em um ritmo decadente em demarcação de terras indígenas; 30 (terras indígenas) poderiam recuperar até esse ano. Se eleito, assinarei essas 30 no mesmo dia", disse Eduardo Jorge (PV) sobre a questão indígena.
"Mais de 50% da arrecadação do Brasil vem de quem ganha até três salários mínimos. O imposto sobre salário é extremamente injusto. Defendemos que os bancos (e os milionários) paguem mais impostos", declarou Luciana Genro (Psol) sobre a reforma tributária.
"O centro das cidades deve voltar a ser ocupado. Porque o planejamento errôneo expulsou o povo pobre para cada vez mais longe. O conceito de cidade ecológica é cidade compacta para voltar o convívio entre as classes socais", Eduardo Jorge (PV), sobre moradia.
"Temos 6 milhões de imóveis vagos e um déficit de 7 milhões de famílias sem ter onde morar. Mesmo com o 'Minha Casa, Minha Vida', o déficit habitacional aumentou", Luciana Genro (Psol), sobre a questão da habitação.
"Você não pode deixar abandonadas as mulheres que fazem a interrupção de gravidez no Brasil. A minha posição é pela revogação dessa lei machista que considera criminosas as mulheres católicas e evangélicas (que fazem aborto)", se posicionou Eduardo Jorge (PV) sobre o aborto.
"A independência do Banco Central é um equívoco. Sou a favor da autonomia, que o Banco Central seja livre para perseguir as metas de inflação, mas não independente a ponto dos seus diretores não poderem ser demitidos", disse Dilma Rousseff (PT).
"Os bancos querem mandar em tudo, serem independentes. Eu saio vitorioso, satisfeito, caso qualquer um dos candidatos fizer uma auditoria com esses bancos", afirmou Levy Fidelix (PRTB).
"Quem não teve condições de administrar a nossa maior empresa, não tem condições de administrar (o Brasil)", disse Aécio Neves (PSDB) sobre o PT e Dilma Rousseff, associando a gestão de ambos ao recente escândalo envolvendo a Petrobras.
"O senhor fala como se no governo do PSDB nunca tivesse havido corrupção. Seu partido foi precursor do mensalão. O senhor falando do PT é como o sujo falando do mal-lavado. Você é de um partido que tem promovido a corrupção. Fale do PT, mas fale do seu partido também", disse Luciana Genro (Psol), sobre o comentário de Aécio acerca do escândalo da Petrobras.
"Eu tenho que saudar o retorno da Luciana Genro voltando às suas origens, como linha auxiliar ao PT", disse Aécio Neves (PSDB) para depois desatar a falar de educação em MG.
"Linha auxiliar do PT uma ova. O PT aprendeu com o seu partido. O senhor não tem resposta para debater comigo sobre corrupção porque o senhor foi protagonista de um escândalo. O senhor é tão fanático das privatizações que consegue privatizar um aeroporto e entregar para a sua própria família. É escandaloso o que o PSDB faz no Brasil", replicou Luciana Genro (Psol) a Aécio Neves.
"Ao longo da minha vida eu sempre tive tolerância zero com a corrupção. No caso da Petrobras, quem investigou todos os crimes de corrupção foi um integrante do governo. Fica claro que não é fácil descobrir (a corrupção) um sistema desse tamanho", disse Dilma Rousseff (PT) em direito de resposta à primeira afirmação sobre o caso Petrobras feita por Aécio Neves.
"Aquele que se dipõe a governar o Brasil tem que ouvir os impropérios e, daqueles que são irrelevantes, acusações que são absolutamente irresponsáveis e levianas", disse Aécio Neves (PSDB) em direito de resposta concedido depois de declaração de Luciana Genro.
"Tenho dito que essas eleições não precisam do embate entre os candidatos. Deve ser o debate entre ideias. Quem vai ganhar as eleições é uma nova postura", apostou Marina Silva (PSB), durante suas considerações finais.