Catorze candidatos a prefeito e vice-prefeito foram oficializados no Rio de Janeiro nas eleições 2020. São seis coligações e oito candidaturas individuais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além do mandatário da prefeitura, os eleitores também vão escolher vereadores neste pleito. O primeiro turno ocorre em 15 de novembro e o segundo, se houver, em 29 de novembro.
Na primeira pesquisa Ibope de intenção de voto nas eleições 2020 no Rio, publicada em 2 de outubro, Eduardo Paes (DEM) lidera a disputa, com 27%. O segundo colocado é Marcelo Crivella (PRB), com 12%. Duas candidaturas mais à esquerda seguem no na sequência: de Martha Rocha (PDT), com 8%, e de Benedita da Silva (PT), com 7%.
O quadro é de possível nacionalização da disputa, mesmo que o presidente Jair Bolsonaro tenha dito que não vai interferir nas eleições, ao menos do primeiro turno.
Outros candidatos são Cyro Garcia (PSTU), Clarissa Garotinho (PROS), Eduardo Bandeira de Mello (Rede), Fred Luz (Novo), Glória Heloiza Lima da Silva (PSC), Henrique Simonard (PCO), Luiz Lima (PSL), Paulo Messina (MDB), Renata Souza (PSOL) e Suêd Haidar (PMB).
Abaixo, saiba mais sobre os nomes que estão concorrendo à Prefeitura do Rio:
Benedita da Silva (PT)
O PT decidiu que sua candidata à Prefeitura do Rio nas eleições 2020 é Benedita da Silva, de 78 anos. A deputada federal já tentou o cargo em 1992 e, impulsionada pelo impeachment do presidente Fernando Collor, passou pelo primeiro turno daquele pleito. Sob pressão de denúncias contra um dos filhos, no entanto, perdeu no segundo turno para Cesar Maia, então no PMDB.
Foi vice-governadora em 1998 em chapa formada por aliança com outros partidos e assumiu o governo do Estado em abril de 2002, quando o governador Anthony Garotinho renunciou para se candidatar a presidente da República pelo PSB. Benedita também foi ministra da Secretaria Especial de Trabalho e Assistência Social no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2018, foi a única deputada federal do PT eleita pelo Rio de Janeiro.
Sua candidatura a prefeita demonstra a dificuldade de renovação do partido. A deputada estadual Enfermeira Rejane, do PCdoB, desistiu de candidatura própria para compor a chapa como vice.
Clarissa Garotinho (PROS)
Filha dos ex-governadores Rosinha e Anthony Garotinho, a deputada federal Clarissa Garotinho tenta ocupar um espaço ao centro. Sua candidatura nas eleições 2020 representa a sobrevivência da família Garotinho na disputa. O ator, diretor e produtor Jorge Coutinho compõe a chapa como vice.
Clarissa tem criticado a polarização entre direita e esquerda na política brasileira. Afirma que esse embate tem atrapalhado a solução de problemas do País. Apresenta-se como independente: apoiou alguns projetos do governo Bolsonaro na Câmara, mas votou contra a reforma da Previdência, em 2019. No Rio, critica o atual prefeito e o ex-prefeito.
Cyro Garcia (PSTU)
Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e com histórico no movimento sindical bancário, Cyro Garcia é o presidente do diretório municipal no Rio do PSTU. Concorreu à prefeitura carioca em 2016, quando obteve 0,19% dos votos. Em 2018, foi candidato a senador pelo Rio de Janeiro - não se elegeu, com 0,33% do total de votos válidos. Nas eleições 2020, a vice na chapa é a professora Elisa Guimarães.
Eduardo Bandeira de Mello (Rede)
Ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello é o candidato da Rede à prefeitura do Rio de Janeiro. Antes de exercer cargo no clube, de 2013 a 2018, o administrador de formação trabalhou por mais de três décadas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A ex-vereadora Andrea Gouvêa Vieira, também Rede, é a vice na chapa. Antes de decidir pela candidatura própria nas eleições 2020, em 15 de setembro, o partido tinha expectativa de formar aliança com a PDT, da candidata Martha Rocha.
Eduardo Paes (DEM)
O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, desponta como o primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto. Seu vice é o presidente municipal do PL, Nilton Caldeira. A candidatura tem o apoio de outros cinco partidos: Cidadania, PV, Avante, Democracia Cristã e PSDB.
Os aliados de outros partidos reconhecem a força política do ex-prefeito, que pode confrontar Crivella com dados efetivos de sua gestão, que se deu num período em que o Rio passou por grandes obras e mudanças urbanísticas.
Entretanto, às vésperas do início da campanha nas eleições 2020, o Ministério Público Eleitoral acusou Paes de suposto recebimento de propinas de cerca de R$10,8 milhões do Grupo Odebrecht, para financiamento da campanha de reeleição em 2012. O processo pode afetar a imagem pública do candidato.
Com 50 anos e bacharel em Direito, ex-prefeito passou a maior parte de sua trajetória política filiado ao antigo PFL, atual DEM, sigla pela qual foi deputado federal de 1998 a 2002. Em 2003, transferiu-se ao PSDB, concorrendo ao governo do Estado em 2006. Perdeu no primeiro turno e apoiou o governador Sérgio Cabral (MDB) no segundo.
Em 2007, passou para o MDB, e foi eleito prefeito da capital em 2008, quando venceu o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira (PV) no segundo turno. O ex-prefeito do Rio foi eleito novamente em 2012, no primeiro turno, ainda pelo MDB.
Em 2018, voltou ao DEM e apesar de derrotado por Witzel na eleição para governador, venceu na capital. O resultado eleitoral do ex-prefeito do Rio foi ruim na periferia da Região Metropolitana e no interior do Estado, que votaram maciçamente no governador afastado.
Fred Luz (Novo)
Formado pela PUC-Rio, foi engenheiro de equipamentos na Petrobrás de 1975 a 1980. Além de ter passado por diversas empresas privadas, atuou na gestão do Flamengo de 2013 a 2018, quando se filiou ao Novo. Integrou a equipe de transição do governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema, da mesma sigla.
Fred Luz foi oficializado candidato nas eleições 2020 em convenção virtual do Novo. Sua vice na chapa é a bióloga Giselle Gomes, servidora pública do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e doutora em biofísica.
Glória Heloiza (PSC)
Com a ex-juíza, o PSC tenta repetir a estratégia que elegeu Wilson Witzel para o governo estadual em 2018. O candidato também abandonou a carreira na magistratura para disputar seu primeiro cargo eletivo e superou políticos tradicionais, como Eduardo Paes e Romário (Podemos).
Desta vez, a tática pode ser prejudicada pelas denúncias que envolvem o governador afastado e o pastor Everaldo Pereira, que era presidente do PSC até sua recente prisão sob acusação de integrar um esquema de corrupção no governo do Estado do Rio de Janeiro.
Witzel deverá perder influência sobre a candidatura do seu partido nas eleições 2020, após afastamento temporário do cargo em agosto por ordem judicial. Desde setembro,o ex-juiz também está sob rito do processo de impeachment, por decisão da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)
A candidata de 51 anos atuava, até janeiro, na 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da capital. Glória Heloiza venceu a disputa interna da sigla contra o deputado federal Otoni de Paula que, embora no mesmo partido, faz oposição a Witzel e defende a família Bolsonaro. O vice na chapa é o economista Mauro Santos.
Henrique Simonard (PCO)
O estudante de 22 anos é o candidato do Partido da Causa Operária para a Prefeitura do Rio nas eleições 2020. Henrique Simonard foi candidato a deputado estadual nas eleições 2018 - ano em que se filiou à sigla - mas não obteve votos por indeferimento das candidaturas do partido. O candidato é o coordenador da juventude do PCO, a Aliança da Juventude Revolucionária. O também estudante Caetano Sigiliano compõe a chapa como vice.
Luiz Lima (PSL)
O deputado federal e ex-nadador olímpico Luiz Lima é o candidato a prefeito do Rio pelo PSL. De 2016 a 2017, Lima exerceu o cargo de Secretário Nacional de Esportes de Alto Rendimento.
No ano seguinte, se candidatou a deputado federal e foi eleito com 115 mil votos. Em aliança com o PSD, o delegado Fernando Veloso é o indicado do partido nas eleições 2020 para compor a chapa como vice.
Marcelo Crivella (PRB)
Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o prefeito Marcelo Crivella assumiu a cidade em contexto de ressaca dos grandes eventos. Sua gestão descreveu uma curva decrescente de popularidade: 40% de ruim e péssimo em outubro de 2017, 61% em março de 2018 e 72% em dezembro de 2019.
A candidatura nas eleições 2020 foi oficializada quatro dias após um processo de impeachment por improbidade administrativa contra o prefeito ser rejeitado. Para buscar a reeleição, conta com apoio dos partidos Patriota, Solidariedade, Podemos, PTC, PMN, PP e PRTB. Sua vice é a tenente-coronel Andréa Firmo, também do Republicanos.
Desde o ano passado, Crivella articulava nos bastidores para chegar forte à disputa pela reeleição. Usou o episódio da Bienal do Livro, considerado censura pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para aparecer no noticiário e reforçar um posicionamento conservador.
No final de agosto, a TV Globo denunciou esquema de funcionários da prefeitura - chamados de "Guardiões de Crivella" -, que faziam plantão na porta de unidades municipais de saúde para impedir reportagens sobre o mau funcionamento dos hospitais e postos. O MP-RJ instaurou inquérito para apurar se o prefeito cometeu crimes ou atos de improbidade administrativa.
Em 24 de setembro, o TRE-RJ confirmou a decisão de tornar o mandatário inelegível até 2026, com base em acusações de abuso de poder e prática de conduta vedada. Crivella anunciou que vai recorrer da decisão.
O tribunal afirma que ele já está inapto para as eleições 2020, enquanto a defesa acredita que é possível concorrer enquanto recorre. Enquanto isso, adversários podem impugnar a candidatura baseados no entendimento do TRE.
Martha Rocha (PDT)
Deputada estadual por um partido que tem história no Rio de Janeiro, o PDT, Martha Rocha conta ainda com outro ativo: é delegada da Polícia Civil e chegou a presidir a corporação.
Ela já chegou a ser apontada como "vice dos sonhos" tanto de Eduardo Paes quanto de Marcelo Freixo, quando este ainda pensava em concorrer para prefeito. Nas eleições 2020, irá concorrer em coligação com o PSB. Do partido, seu vice na chapa é o cineasta Anderson Quack.
Na Alerj, Martha é uma das deputadas mais ativas. Parlamentar de segundo mandato, comanda a comissão que apura os supostos desvios na Saúde durante a pandemia, além do Conselho de Ética.
Paulo Messina (MDB)
Ex-braço direito de Marcelo Crivella, de quem foi secretário da Casa Civil, o vereador Paulo Messina, que está no terceiro mandato, rompeu com o prefeito e concorre ao Executivo carioca. Também do MDB, a vice na chapa é a psicóloga Sheila Barbosa.
Renata Souza (PSOL)
A deputada estadual Renata Souza entrou no lugar de Marcelo Freixo como candidata do PSOL à prefeitura. Ela era chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018 e foi eleita naquele mesmo ano pela primeira vez.
A escolha por Renata indica uma aposta do partido na memória de Marielle, já que a história da candidata é parecida com sua antiga companheira, principalmente ligada à militância na área de direitos humanos.
Durante os governos de Sérgio Cabral Filho (MDB) no Estado, e de Paes na prefeitura, o PSOL foi o único partido de esquerda que em nenhum momento compôs as bases aliadas ou ocupou cargos nas gestões.
Com isso, a legenda, que é pequena nacionalmente, construiu no Rio sua principal trincheira. A saída de Freixo da disputa, porém, pode trazer alguma dificuldade. O vice na chapa para as eleições 2020 é o coronel reformado da Polícia Militar carioca Ibis Pereira.
Suêd Haidar (PMB)
Presidente e fundadora do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Suêd Haidar foi oficializada como candidata da sigla. Em 2018, concorreu a deputada federal e não foi eleita. Antes da escolha de Sued, o ex-vereador e ex-policial Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, desistiu da disputa.
Apontado como líder da milícia Liga da Justiça, com atuação na zona oeste da capital, Jerominho cumpriu pena de prisão por crimes como homicídio e por integrar o grupo paramilitar. Disse que não concorreria ao cargo nas eleições 2020 por problemas de saúde. Sua sobrinha, a advogada Jéssica Rabello Guimarães, será a vice na chapa. Jéssica é filha de Natalino Guimarães, que também cumpriu pena por participar da milícia.