Os militantes dos candidatos à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) estão com diferentes estratégias no ambiente digital para conseguirem virar votos que podem garantir a vitória no segundo turno das eleições, marcado para o dia 30 de outubro.
A orientação da campanha de Bolsonaro tem sido convencer tanto os indecisos quanto os eleitores de Lula menos decididos. O candidato chegou a dizer nesta sexta-feira (14) que os eleitores do seu oponente “nem sabem porque votam nele”.
Em materiais de comunicação com dicas para tirar votos de Lula, apoiadores de Bolsonaro orientam a compartilhar materiais falando mal do petista no Status do WhatsApp, Facebook, Instagram e nos próprios grupos fechados dos quais os eleitores fazem parte. O Status também está sendo redescoberto por eleitores de Lula e usado como tentativa de "furar a bolha".
A cartilha de Bolsonaro para virar votos nas redes sociais
Há uma prioridade na campanha de Bolsonaro para o compartilhamento de materiais como noticiários e entrevistas que ajudem a reforçar pontos que eles consideram importantes, como:
- Que Lula "não foi inocentado" de acusações criminais, algo que juristas divergem;
- Que "agradeceu ao coronavírus" em 2020, embora tenha se desculpado pouco depois;
- Que é "a favor do aborto" (recentemente, Lua disse que isso era um tema do Congresso);
- Que a "esquerda é a favor de desencarceramento", uma generalização sobre a situação precária do sistema carcerário.
Eles também pedem que os vídeos sejam de portais ou fontes verificáveis, pois muitos cortes nos vídeos podem afastar eleitores.
O material orienta ainda que as pessoas não se identifiquem como bolsonaristas, mas que digam apenas que são “conscientes” e “não votam em ladrão”.
Além disso, há um pedido para compartilhamento de conteúdo fora de grupos de direita. Essa estratégia também é vista em vídeo do deputado federal Gustavo Gayer (PL), que orientou eleitores a focarem em pessoas que não são bolsonaristas. Ele diz: “já chega de carreatas, motociatas, manifestações… nós temos que conquistar novas pessoas”.
Em grupos de Telegram, apoiadores têm enviado feitos do governo Bolsonaro com o intuito de que as mensagens sejam enviadas para mais pessoas e convençam eleitores. Na última semana, temas como deflação, Venezuela, setor agropecuário e tentativa de angariar nordestinos foram alguns destaques. Mas comunicações mais agressivas, focando em temas mais "morais", também são muito identificadas.
A cartilha de Lula para virar votos nas redes sociais
Já a campanha de Lula tem dado dicas para convencer o eleitorado a dar um voto de confiança ao ex-presidente. Algumas das táticas viralizadas para internet são:
- Criar grupos de WhatsApp para compartilhar conteúdo;
- Conversar com eleitores indecisos, falando das propostas do candidato;
- Não falar do voto no Lula como algo óbvio;
- Trazer perspectivas emocionais de pessoas que contam terem sido transformadas pelo governo do ex-presidente;
- Falar de assuntos que dialogam com outras bases, como religião, comunismo, aborto etc;
- Aproveitar os assuntos do dia a dia para falar de política;
- E não engajar inverdades, apenas denunciando conteúdos falsos, são as orientações dadas em um dos vídeos que circula entre apoiadores do ex-presidente.
Em um outro material, simpatizantes do ex-presidente também pedem que as atenções sejam voltadas para temas que afastam as pessoas de Bolsonaro, como “economia (aumento da pobreza, dos preços e da fome)”, “pouco trabalho (passeios de jet-ski e motociatas enquanto o povo sofre)”, “desumanidade (imitação de pessoas sem ar, ofensas a mulheres)” e “descaso com a vida do povo (670 mil pessoas mortas na pandemia, atrasos na compra da vacina)”. Neste último ponto, o presidente foi inocentado pelo Advocacia Geral da União.
O que une as duas tribos
É um consenso entre as duas campanhas de não perder tempo com os eleitores muito aguerridos. Se os eleitores de Lula dizem para não perder tempo com os “bolsonaristas convictos”, os que apoiam Bolsonaro também reforçam que “petista doente” não tem jeito. Outro ponto em comum é o uso do humor, também incentivado pelos dois grupos.
O principal foco dos dois candidatos é convencer os indecisos e reduzir a taxa abstenção, que chegou a 20,89% com 99% das urnas apuradas no primeiro turno. Mas para a campanha de Bolsonaro, além desses, o candidato espera ganhar até 10% dos votos de Lula.