A passagem do presidente Jair Bolsonaro pelo Rio Grande do Norte, no circuito de inaugurações de obras da transposição do Rio São Francisco, será palco de mais um capítulo da disputa entre os ministros Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) pela vaga de candidato ao Senado, com apoio do Palácio do Planalto.
Os dois participam nesta quarta-feira, 9, de cerimônia ao lado de Bolsonaro, no município Jardim de Piranhas (RN), para marcar a chegada das águas do Velho Chico ao Estado comandado pela petista Fátima Bezerra. Antes, haverá uma "jegueata", passeio de jegue organizado por simpatizantes do governo.
Marinho e Faria travam um embate há meses, nos bastidores, para ver quem será o candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte. Os dois já acertaram que não se enfrentarão nas urnas. "Eles vão se entender", disse Bolsonaro quando se filiou ao PL, em novembro.
O ministro do Desenvolvimento Regional, que entrou no PL no mesmo dia do presidente, é visto no Planalto como mais empenhado em assumir o rótulo de "bolsonarista", até mesmo em embates diretos com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pré-candidato à Presidência. Bolsonaro retribui com afagos e costuma chamar publicamente o auxiliar de "meu amigo Rogério Marinho".
Faria, por sua vez, tem assumido posição mais cautelosa. De acordo com aliados, o motivo é a baixa popularidade de Bolsonaro no Rio Grande do Norte. Se o cenário melhorar com a transposição do São Francisco e o Auxílio Brasil, porém, Faria pretende se aproximar ainda mais da imagem de Bolsonaro.
O ministro das Comunicações está no PSD, mas de malas prontas para o Progressistas do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). Por ser deputado federal licenciado, aguarda a janela partidária para trocar de sigla. Até o momento, Faria descarta concorrer a novo mandato na Câmara. "É Senado ou nada", costuma dizer ele. Tanto Faria como Marinho afirmam que não querem concorrer ao governo do Rio Grande do Norte.