Candidato ao governo da Bahia ACM Neto (União Brasil), que disputa o segundo turno das eleições com Jerônimo Rodrigues (PT), chamou atenção nas redes sociais após publicar um vídeo em seu Instagram utilizando um filtro que deixa as imagens com um efeito 'bronzeado'.
Desde que se autodeclarou pardo no registro de sua candidatura, ACM Neto vem sendo alvo de discussão, inclusive sendo questionado sobre isso em debates estaduais.
No vídeo em questão, ACM Neto aparece discursando em um evento da campanha. No detalhe da publicação, é possível ver uma aplicação de filtro chamado "Bronzer", de Carol Peixinho.
Nas redes sociais, o deslize não passou despercebido.
eu vou desmaiar pic.twitter.com/vrFbZfMMaJ
— compota de coração (@anelanal) October 6, 2022
ACM neto deu o maior vacilo hoje, postou um storie no Instagram antes de salvar e aparece nitidamente o uso do filtro “bronzer de Carolpeixinho” usado para escurecer a pele dele na rede social. O menino de vovô não vai ser governador. 😂 pic.twitter.com/BKCdbHzxMM
— Darley (@darleyliimaa) October 6, 2022
Depois das repercussões, o vídeo foi apagado no Instagram do candidato.
O Terra conversou com a assessoria de imprensa do candidato, que afirmou se tratar de uma "coincidência" o fato de o filtro se chamar "Bronzer", e que o deslize foi uma "falta de atenção" da equipe que faz as redes sociais de ACM Neto.
A assessoria informou ainda que só soube do fato após a repercussão nas redes sociais, e que retirou o vídeo do ar.
A reportagem também ouviu aliados do candidato, que consideram a discussão sobre a autodeclaração de ACM Neto uma estratégica política. "A oposição tem poucos motivos para bater nele, então cria fatos dessa forma, com a intenção de gerar memes", disse uma fonte. "Há várias pessoas que se autodeclaram pardas com o biotipo de ACM Neto, como [o ex-governador da Bahia] Rui Costa (PT), porque só ele é questionado sobre isso?".
"Falta de caráter" e "desespero"
Em entrevista ao Estadão, ACM Neto afirmou que sempre se identificou como pardo. Ele avaliou as críticas representam "falta de caráter" e "desespero" dos adversários.
"Sempre me identifiquei como pardo. Veja que em 2016, quando não havia fundo eleitoral, não havia financiamento partidário e não havia definição de cotas, eu já me autodeclarava dessa forma. É assim que eu me identifico e a autodeclaração, entendo eu, que é resultado da sua identificação", disse.
Em 2020, o TSE decidiu que a distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do tempo de propaganda eleitoral gratuita deve ser proporcional ao total de candidatos negros que o partido apresentar ao pleito.
Segundo ACM Neto, seus adversários não têm o que falar dele. "Então criam esse tipo de discussão que não tem absolutamente nenhum impacto concreto sobre as pessoas, pra tentar desviar o foco do essencial que são os problemas da Bahia."
Ele também deu a entender que os questionamentos relativos à sua autodeclaração se dão por não ser um "político de esquerda".
"Quando você olha do lado dos meus adversários que estão me atacando, o atual governador da Bahia, Rui Costa, do PT, que tem uma cor de pele igual a minha, também se declarou pardo quando disputou a eleição em 2018. O candidato a vice-governador do PT que tem uma cor de pele igual a minha, também se declarou pardo agora nessa eleição, Geraldo Junior. A deputada federal Alice Portugal do PCdoB que é muito mais clara do que eu, tinha uma declaração anterior de branca e agora se declarou parda", declarou.
"Agora toda essa discussão acontece em torno de mim, por quê? Somente políticos de esquerda podem ser pardos ou se autodeclararem como pardos? Eu não entendo isso, não concordo e estou muito tranquilo em relação a isso", completou.
ACM Neto também pediu respeito, pois, na opinião dele, na política "não vale tudo". "Existe um limite para as coisas. A pessoa tem que ser respeitada na sua individualidade, como se enxerga, a gente tem que respeitar as pessoas."
* Com informações do Estadão Conteúdo