É falso que hackers invadiram o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), manipularam resultados, que Bolsonaro ficou uma hora sem votos totalizados a favor dele, e que militares brasileiros, com a ajuda de hackers russos, impediram a vitória de Lula e ordenaram ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que houvesse segundo turno — a teoria conspiratória aparece em um vídeo que circula nas redes. O Ministério da Defesa e a Justiça Eleitoral negaram as alegações. O equipamento de totalização usado pelo tribunal está no Brasil, não nos Estados Unidos, como também alega a peça de desinformação.
Publicações com o vídeo enganoso acumulavam 242,6 mil compartilhamentos no Facebook nesta segunda-feira (17) e circulam também no Kwai.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, um homem fantasiado com roupa e máscara alusivas à série sul-coreana "Round 6", da Netflix, elenca uma série de alegações falsas sobre a totalização dos votos no primeiro turno das eleições de 2022. O sistema do TSE não foi invadido por hackers que transferiram votos destinados a Bolsonaro para Lula nem é verdade que russos contra-atacaram e impediram o petista de ganhar no primeiro turno. Também é falso que votos deixaram de ser contabilizados para Bolsonaro por uma hora e que o supercomputador da totalização está nos Estados Unidos — o equipamento fica no Brasil.
Confira abaixo o que checamos:
Hackers da esquerda globalista invadiram o sistema durante toda a eleição, porque eles iam se concentrar no Lula. Então, eles foram mexendo nos votos, todos os votos do Bolsonaro foram passando para o Lula.
Não há qualquer indício de que hackers invadiram o sistema do TSE durante a totalização dos votos no primeiro turno. O presidente da corte eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que não houve problemas na apuração. O TSE também informou que qualquer tentativa de modificação nos resultados da eleição seria detectada ao comparar os votos registrados nos boletins de urna — relatórios emitidos logo após o término da votação em cada seção eleitoral do país — com o resultado divulgado publicamente pelo tribunal.
Lula ficou recebendo voto, recebendo voto, e o Bolsonaro ficou sem nenhum voto durante uma hora
Não é verdade que Bolsonaro tenha ficado sem receber votos por um hora durante a totalização do primeiro turno. Dados em tempo real divulgados pelo G1 e em transmissão ao vivo feita no YouTube mostram que o recebimento de votos foi constante durante o dia da eleição, 2 de outubro.
A apuração começou às 17h, e Bolsonaro permaneceu por mais de duas horas na liderança. Lula diminuiu gradualmente a vantagem até ultrapassar o adversário às 20h02, quando 70% das urnas haviam sido apuradas. O segundo turno foi confirmado pelo TSE às 21h25, quando Lula alcançou 47,85% dos votos válidos, e Bolsonaro, 43,7%, com 96,93% das urnas totalizadas.
Ao final da apuração, Lula recebeu 57.259.504 votos (48,43%), e Bolsonaro, 51.072.345 votos (43,20%).
Estava tendo uma uma grande movimentação da Oracle, que fica no nos Estados Unidos, que é onde fica o nosso servidor. O TSE tem um servidor nos Estados Unidos
A totalização dos votos é feita por meio de supercomputadores fisicamente instalados na sala-cofre do TSE, em Brasília, não nos Estados Unidos, e estão protegidos contra ações da natureza e ações humanas. Os equipamentos são cedidos pela Oracle, que tem sede nos Estados Unidos, e que não possui acesso ao sistema de totalização. A empresa oferece ainda os softwares de banco de dados e presta serviços de suporte e atualização dos produtos, mas quem controla o equipamento é a equipe do TSE.
Quando travou em 96% [em razão da ação de hackers russos] os militares bateram na portinha do do Alexandre de Moraes e falou assim: Agora, você vai anunciar que vai pro segundo turno porque era para o Lula ganhar no primeiro turno
O TSE e o Ministério da Defesa negam que hackers russos ou militares brasileiros tenham interferido na totalização de votos do primeiro turno. "O sistema de totalização é lacrado e assinado digitalmente por diversas entidades fiscalizadoras. Além disso, não é possível manipular o resultado do pleito, uma vez que o resultado de cada seção é divulgado com o encerramento da eleição, pela própria urna eletrônica, que emite o Boletim de Urna", diz a Justiça Eleitoral.
Não houve qualquer travamento durante a totalização dos votos do primeiro turno. Em nota enviada ao Aos Fatos, o TSE disse que eventuais interrupções na atualização das parciais da apuração no aplicativo "Resultados" podem ter sido provocadas por problemas nos celulares ou má conexão com a internet dos usuários.
Referências:
2. Justiça Eleitoral (Fontes 1 e 2)
3. G1
4. TSE