A vitória de Luiz Inácio da Lula (PT) nas eleições presidenciais levou a multidão que se aglomerava na Avenida Paulista, em São Paulo, ao delírio. Com a confirmação da vitória, às 19h57, gritos, abraços e lágrimas embalaram a comemoração do público presente. "O Brasil vai voltar a ter dignidade", dizia um eleitor visivelmente emocionado que celebrava com amigos. Outros faziam o "L" com as mãos enquanto cantavam "Olê, olê, olê, olá... Lula".
A previsão do tempo já antecipava um domingo quente e abafado, mas o calor na região crescia a medida em que eleitores do candidato petista chegavam para aguardar o resultado do segundo turno e administravam a ansiedade e angústia de ver o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) á frente na apuração.
Por volta das 18h30, a pergunta "já virou?" era uma das frases mais entoadas nas diferentes rodas de conversa e grupos que ali aguardavam. "Só vou ficar calma na hora que virar", disse uma eleitora que aguardava sentada no canteiro localizado no cruzamento da Alameda Casa Branca. O petista "virou" às 18h45 e com isso levou a sensação de alívio e o recém recuperado otimismo para os presentes.
A celebração tomou as duas faixas da avenida e teve o pico de aglomeração nos três quarteirões entre a Alameda Rocha Azevedo à Rua Pamplona. A multidão só começou a dispersar depois do discurso de Lula e da apresentação da cantora Daniela Mercury, em um trio elétrico em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo).
O vermelho era a cor dominante nas roupas, fitas e bandeiras, mas o verde e amarelo (cor que marcou a campanha da oposição) e a bandeira nacional também coloriram o local. A camiseta canarinho da seleção brasileira de futebol também era exibida, em menor proporção, claro, mas sem atrair algum tipo de animosidade.
Durante às seis horas em que o Terra esteve presente na avenida, não presenciou nenhuma briga ou confusão. O clima era pacífico e de muita festa. A maior parte do público aparentava ter entre 20 e 40 anos, mas no decorrer da noite também foi possível presenciar famílias com crianças de colo e idosos na região.
Após dois anos de pandemia, o cenário na Paulista lembrava o de uma grande festa com direito a samba e dança. "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia" foi um verso entoado com energia e alívio pelo público que aguardava o discurso de Lula.
Antes da música de Chico Buarque, Canto das Três Raças, de Clara Nunes, fez muitos caírem no samba. Mas as versões funk e brega da música Vai dar PT parecia ser uma das preferidas do público que gritava com força o refrão: 'É melhor Jair já ir embora".
O momento mais aguardado da noite foi o discurso de Lula. "Essa vitória não é a minha vitória, mas da democracia e do povo brasileiro", disse o petista, que levou a multidão ao delírio. Além de muitas palmas, também esboçavam a alegria com gritos. Era possível ver a alegria e a emoção no olhar de todas as pessoas que ali estavam presentes.
Ao serem questionadas pelo Terra sobre qual sentimento definia a vitória de Lula, muitos entrevistados disseram "esperança" e relataram o desejo de mais investimentos em educação, saúde e inclusão social. Em seu discurso, o petista mencionou brevemente os grandes desafios que seu governo terá, com um País polarizado e o crescimento do bolsonarismo. Na rua, o clima, no entanto, era de celebração do agora.