O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender nesta quinta-feira, 20, o uso da cloroquina para combater a covid-19, remédio sem eficácia comprovada para o tratamento da doença. Durante sua "live" semanal, em que atacou o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e a imprensa brasileira, classificada por ele de "canalha" e "idiota", Bolsonaro afirmou que tomou o remédio quando teve a doença e também há poucos dias, quando se sentiu mal. O presidente, que tem 66 anos, já poderia ter se vacinado contra a covid-19 desde o dia 5 do mês passado, mas não o fez.
Pelo segundo dia seguido, o presidente não disse uma palavra sobre a operação da Polícia Federal, deflagrada na quarta-feira, que investiga suspeita de envolvimento do seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com um esquema de corrupção na exportação de madeira.
"Há poucos dias estava me sentindo mal. E antes mesmo de procurar um médico, olha só que exemplo que estou dando, eu tomei depois, aquele remédio. Que estava com sintoma. Tomei, fiz exame, não estava. Mas, por precaução, tomei. Qual o problema? Eu vou esperar sentir falta de ar para ir para o hospital?", afirmou. Para não ter o vídeo derrubado pelas redes sociais, Bolsonaro disse que não mencionaria o "nome daquele remédio". As redes classificam de fake news informações sobre o uso de cloroquina para covid.
O chamado "tratamento precoce" com a cloroquina é uma das bandeiras do governo federal no combate à pandemia, mesmo sem comprovação científica da eficácia do medicamento contra a doença. Após analisar centenas de estudos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu no mês passado que, além de o produto não funcionar no tratamento contra a covid-19, seu uso pode causar efeitos adversos, como arritmia cardíaca.
Na versão do presidente, porém, o medicamento é rejeitado por ser "extremamente barato", o que "prejudica os grandes negócios da indústria farmacêutica no Brasil e no mundo".