Embaixadas brasileiras são alvo de protestos pelo mundo

23 ago 2019 - 16h41
(atualizado às 18h17)

Manifestantes se reuniram em frente às representações diplomáticas do Brasil em várias capitais para exigir maior proteção da Amazônia e defender boicote a produtos brasileiros. Em Berlim, ato reuniu mais de 200 pessoas.As atitudes do governo brasileiro em relação ao meio ambiente e o avanço do desmatamento e queimadas na Amazônia provocaram dezenas de manifestações em frente às representações diplomáticas do Brasil em várias cidades europeias, na Colômbia, Equador e Índia.

Ativistas do Extinction Rebellion e movimento Greve pelo Futuro protestaram em Berlim pela Amazônia
Ativistas do Extinction Rebellion e movimento Greve pelo Futuro protestaram em Berlim pela Amazônia
Foto: DW / Deutsche Welle

Protestos foram registrados em Berlim, Munique, Londres, Paris, Dublin, Madrid, Barcelona, Amsterdã, Nápoles (Itália) e Berna e Genebra (Suíça). Houve protestos também em Mumbai, na Índia; Quito, no Equador; e Cali, na Colômbia.

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A maioria dos atos foi convocado pelo movimento ambiental Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção), que surgiu em 2018, quando milhares de manifestantes tomaram as ruas de Londres. O movimento já se expandiu para mais de 30 países ao redor do mundo.

Em Berlim, cerca de 220 pessoas participaram do ato, segundo a contagem da polícia. Os manifestantes, porém, não puderam se aproximar da embaixada, que foi alvo de dois ataques a tinta desde a posse do presidente Jair Bolsonaro. Bloqueado por policiais, o grupo se reuniu na praça que fica do outro lado da rua do prédio diplomático.

Organizado por um grupo de latino-americanos, o primeiro protesto na capital alemã começou por volta do meio-dia. Os manifestantes pediam o boicote a produtos brasileiros e o combate aos incêndios que estão devastando a Amazônia. O grupo também lembrou as queimadas que ocorrem na Bolívia.

"Precisamos protestar porque se ninguém fizer nada será pior. É do nosso futuro que estamos falando, se a Amazônia for queimada, nós acabaremos também", afirmou a alemã Christina Moeska, de Harz, que está visitando Berlim com a filha. Ela contou que, ao ouvir sobre protesto, não pensou duas vezes para participar. "Se a Amazônia for destruída, teremos problemas", acrescentou a filha Anna.

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O alemão Michael Kropfl, de Munique, afirmou que as manifestações ao redor do mundo são fundamentais para pressionar internacionalmente o governo brasileiro. "O povo brasileiro e os ativistas ambientais precisam do nosso apoio", acrescentou o jovem que está visitando Berlim.

Por voltas das 15h, os aproximadamente 120 manifestantes ganharam reforço de cerca de 100 ativistas do Extinction Rebellion e estudantes do movimento Greve pelo Futuro (nome internacional: Fridays For Future), que marcharam cinco quilômetros do seu tradicional ponto de encontro, o Parque Invaliden, até a Embaixada do Brasil.

Em alemão, os manifestantes ecoaram o grito "Bolsonaro criminoso", outros pediam "Fora Bolsonaro". Os presentes levam cartazes com os dizeres "SOS Amazônia", "Não há um segundo planeta", "Nossos pulmões estão em chamas", "Bolsonaro mata com sua política".

"O clima é muito importante para nós, por isso estamos protestando", afirmou a adolescente berlinense Maria Staude, de 13 anos, que faz parte do movimento Greve pelo Futuro. Sua colega Tilla Streb, de 14 anos, lembrou o papel da Amazônia para o clima do planeta, que ao lado de outras florestas tropicais armazena de 90 bilhões a 140 bilhões de toneladas métricas de carbono, e destacou a biodiversidade da região, com centenas de espécies ainda desconhecidas. "O mundo precisa da Amazônia", ressaltou ainda a estudante Celia Hyams, de 13 anos.

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Diversos manifestantes discursaram sobre a importância da Amazônia e o impacto da soja e pecuária na região, além de prestarem apoio aos povos indígenas. A porta-voz do Greenpeace Berlim, Kerstin Doerenbruch, disse que grande parte do desmatamento é causada para a plantação de soja que servirá de ração a animais criados na Europa e afirmou que os europeus, com seu padrão de consumo, também são responsáveis pelo atual devastação da floresta. Doerenbruch encerrou seu discurso com um apelo aos presentes pedindo que reduzam o consumo de carne pela metade.

No final do ato, alguns ativistas do Extinction Rebellion ultrapassaram a barreira da polícia e se deitaram em frente à embaixada. O momento de tensão durou poucos minutos e o grupo concordou em se retirar do local pacificamente.

Em Munique, o protesto reuniu mais de 100 pessoas e também contou com o apoio dos estudantes da greve do clima. Cerca de 40 ativistas do Extinction Rebellion deitaram no chão em frente ao consulado brasileiro na cidade.

Além dos protestos nas cidades europeias que levaram centenas de pessoas às ruas, manifestações semelhantes estão programadas para acontecer em frente a embaixadas brasileiras em alguns países sul-americanos, como em Cali e Bogotá, na Colômbia, e Quito, no Equador.

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