VW admite que 11 milhões de carros têm fraudador de testes

Montadora admite que 11 mi de carros no mundo têm software capaz de burlar testes de emissão e separa 6,5 bilhões de euros para o caso.

22 set 2015 - 08h26
(atualizado às 10h17)

O escândalo nos Estados Unidos, que já arranha a imagem da Volskwagen, começou nesta terça-feira (22) a ser sentido nas contas da maior montadora do mundo, que viu suas ações novamente despencarem nos mercados e já anunciou ter separado 6,5 bilhões de euros da receita prevista para o terceiro trimestre para lidar com o caso.

Foto: Felipe Oliveira / Terra

A Volkswagen é acusada de instalar um software que maquia em até 40% as emissões em modelos a diesel vendidos nos EUA e ter enganado a Agência de Proteção Ambiental americana (EPA). A montadora já admitiu a manipulação, que pode lhe render multas de até US$ 18 bilhões, além dos custos com recalls e consertos.

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A revelação adicional da montadora nesta terça-feira, de que 11 milhões de seus carros a diesel vendidos no mundo estão equipados com o software, levaram imediatamente suas ações a caírem outros 20% na Bolsa de Valores de Frankfurt, após um recuo superior a 17% no dia anterior.

"Nós fomos desonestos", admitiu Michael Horn, executivo-chefe da montadora nos EUA, durante um evento em Nova York. "Fomos desonestos com as autoridades de meio ambiente americanas, fomos desonestos com as autoridades da Califórnia e, o pior de tudo, fomos desonestos com os nossos clientes. Em bom alemão: nós fizemos besteira."

A Volkswagen, além disso, vê o escândalo se alastrar internacionalmente: a montadora está sob pressão não só dos Estados Unidos – onde deve enfrentar agora uma investigação criminal – como também na Alemanha, na França e na Coreia do Sul.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos já teria iniciado uma investigação criminal sobre as alegações, segundo a agência de notícias Bloomberg. Nem as autoridades americanas nem a montadora alemã confirmaram a abertura do inquérito.

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A Coreia do Sul convocou funcionários da montadora. "Vamos começar a realizar os testes no mais tardar no próximo mês", afirmou um alto funcionário do Ministério do Meio Ambiente, que afirmou ainda ser cedo prever quais punições deverão ser aplicadas pelo governo à montadora.

A Itália já abriu um inquérito nacional. E a França pediu uma investigação a nível europeu: "Este não é um assunto menor, não é sobre a velocidade ou a qualidade do couro [dos bancos do veículo]", afirmou Michel Sapin, ministro das Finanças francês. "O que estamos tratando é garantir que as pessoas não sejam envenenadas pela poluição."

Na segunda-feira, o governo alemão ordenou testes detalhados de todos os modelos da Volkswagen a diesel no país. O ministro dos Transportes, Alexander Dobrindt, disse ao jornal Bild que solicitou à Agência Federal de Transporte Motorizado (KBA, na sigla em alemão) que providencie imediatamente testes específicos e abrangentes conduzidos por especialistas independentes.

Investigação sobre outras montadoras

Os EUA deverão estender a investigação a outras montadoras de veículos para confirmar se elas mascararam também os testes de emissão de poluentes. Segundo a EPA, será analisada a presença de dispositivos manipuladores em veículos a diesel de outras fabricantes.

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"A EPA e o Carb [organismo homólogo da Califórnia] iniciaram testes em veículos já em circulação fabricados por outras montadoras para detectar a presença de possíveis 'softwares maliciosos' semelhantes ao encontrado em veículos da Volkswagen", afirmou um porta-voz citado pela agência de notícias AFP.

Só nos EUA, cerca de 482 mil carros de quatro cilindros da montadora, como Jetta, Beetle, Golf e Passat, e da Audi, como o A3, usam o sistema que mascara as emissões de poluentes. A Volkswagen foi líder de vendas no mundo no primeiro semestre deste ano e controla a Audi.

O software, que a EPA chamou de "dispositivo manipulador", desativa secretamente os controles de poluição para mascarar as verdadeiras emissões quando o carro passa por testes de emissão. Mas, quando os automóveis estão na rua, eles emitem até 40% mais gases do que os padrões de emissão permitidos pelas leis americanas.

RPR/afp/rtr/dpa

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