'Eventuais ajustes' citados em ata do Copom não significam aumento dos juros, diz Haddad

Na última semana, Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, interrompendo o ciclo de cortes iniciado em agosto do ano passado

25 jun 2024 - 10h24
(atualizado às 15h52)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta terça-feira (25) que as enchentes no Rio Grande do Sul, mencionadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) como uma preocupação inflacionária, afetam apenas a inflação de curto prazo.

Fernando Haddad
Fernando Haddad
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Perfil Brasil

Haddad argumentou que o Banco Central (BC) considera o médio e longo prazo ao definir a política monetária, já que a taxa de juros atual impacta a economia em um horizonte de 12 a 18 meses.

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Na semana passada, o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, interrompendo o ciclo de cortes iniciado em agosto do ano passado. A ata da reunião, divulgada hoje, indicou que "eventuais ajustes futuros" na Selic serão "serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".

"Eventuais ajustes se for necessário. Sempre vai acontecer, né? O que é importante frisar é que a diretoria [do BC] fala numa interrupção do ciclo [de redução dos juros]. E me parece que essa é uma diferença importante a ser salientada", disse Haddad.

O que diz a ata do Copom?

Na ata do Copom, o BC destacou a necessidade de uma "atuação firme" para controlar as estimativas de inflação, que estão em alta, e afirmou que se manterá "vigilante". O comitê avaliou que o cenário de inflação se tornou mais desafiador, com projeções de inflação de médio prazo aumentando, mesmo com uma taxa de juros elevada. Por isso, decidiu unanimemente adotar uma política monetária mais "contracionista e mais cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária".

O BC também mencionou a preocupação com a inflação de alimentos no curto prazo, destacando o impacto das enchentes no RS e revisões nos preços de alimentos em outras regiões. O Ministério da Fazenda já reconheceu que a tragédia no estado deve pressionar a inflação este ano.

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Além disso, o Copom demonstrou preocupação com a inflação de serviços, que tem maior inércia e assume um papel preponderante na dinâmica desinflacionária atual, uma vez que a inflação de bens industriais e de alimentação no domicílio deixou de contribuir para a desinflação.

A ata também apontou que o mercado de trabalho e a atividade econômica, especialmente o consumo das famílias, têm mostrado maior dinamismo do que o esperado. O comitê observou surpresas recorrentes no mercado de trabalho, indicando um cenário de mercado apertado.

O Copom afirmou que monitora atentamente os recentes desenvolvimentos das contas públicas, com a proposta de ampliação dos gastos pelo governo, pois maiores gastos públicos tendem a pressionar os preços.

"O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. Políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas contribuem para assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo de seu objetivo fundamental, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego", acrescentou o BC.

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