Um dia antes de morrer, Vinícius Hayden Witeze, ex-assessor parlamentar do vereador Gabriel Monteiro (PL), pediu que a Câmara Municipal carioca lhe providenciasse proteção. Witeze queria escolta porque, segundo afirmou em depoimento ao Conselho de Ética da Casa na semana passada, sofria ameaças de morte. Chegou para depor protegido por um colete à prova de balas. Ele era uma das principais testemunhas contra o parlamentar. Monteiro é acusado de assédios moral e sexual e de adulterar vídeos, entre outras suspeitas.
Witeze morreu depois que o carro que guiava capotou em uma estrada na Região Serrana fluminense na noite de sábado, 28. Na sexta, 27, fez à Câmara, por telefone, o pedido de proteção. Ligou para o gabinete da presidente da comissão de Direitos Humanos da Câmara, vereadora Teresa Bergher (Cidadania). Ela é uma das integrantes do Conselho de Ética que devem julgar as acusações contra Monteiro.
A vereadora pediu ao presidente da Câmara, Carlo Caiado, que solicitasse os seguranças para Witeze e para Heitor Monteiro, também ex-assessor. Este também prestou depoimento ao Conselho de Ética na última quarta-feira, 25.
De acordo com Teresa, os dois relataram ter recebido ameaças pelas redes sociais. As tentativas de intimidação começaram depois que fizeram acusações contra Monteiro.
"O procurador da Câmara (José Minc) me disse que seria necessário um ofício das testemunhas pedindo a segurança. Na sexta-feira, o Vinícius ligou para o meu gabinete, pedindo segurança. Foi orientado a fazer um ofício com este pedido. Ele ficou de entregar o documento nesta segunda-feira, mas, infelizmente, não teve tempo. É tudo muito triste, muito chocante e estranho. Vamos aguardar a perícia no carro", contou Teresa Bergher.
Perfil
Polícia investiga
A ocorrência que resultou na morte de Witeze foi registrada na 110ª Delegacia de Polícia, de Teresópolis. Segundo a Polícia Civil, uma testemunha que estava com a vítima disse que não houve interferência de terceiros no acidente.
"Os agentes realizaram perícia no local e tudo indica para a perda de direção do motorista ao adentrar na curva existente na rodovia. A sobrevivente foi ouvida e descartou qualquer tipo de intervenção de terceiros. Diligências estão em andamento para apurar as circunstâncias do acidente", relatou a Polícia Civil, em nota.
Gabriel Monteiro se manifestou em uma rede social sobre a morte de Witeze. Acusou-o de cometer crimes. Também afirmou que Hayden sofreu um acidente.
"Quem me conhece sabe que não desejo mal a ninguém. Meu ex-assessor que tinha sido pego oferecendo 600 mil reais a outro assessor para forjar provas contra mim. Que foi flagrado junto com o 02 da máfia do reboque. Morreu num acidente. É triste demais. Jamais torceria por esse fim!", escreveu Gabriel Monteiro. "Após tentarem me forjar (sic) em estupros, pedófilos, assédios, e mil outros crimes. Vão falar que eu o matei. De coração, que ele esteja com Deus. Imagino a dor dos seus pais, pessoas maravilhosas", completou o vereador em outra postagem na rede.
Quem me conhece sabe que não desejo mal a ninguém. Meu ex-assessor que tinha sido pego oferecendo 600 mil reais a outro assessor para FORJAR provas contra mim. Que foi flagrado junto com o 02 da máfia do reboque. Morreu num acidente. É triste demais. Jamais torceria por esse fim!
— Gabriel Monteiro (@GMonteiroRJ) May 29, 2022