Irã transferiu mísseis ao Iraque em alerta para inimigos

Movimento inclui tentativa de fabricar armas no país vizinho

31 ago 2018 - 09h33
(atualizado às 10h38)

O Irã enviou mísseis balísticos a aliados xiitas no Iraque e está desenvolvendo recursos para fabricar mais armas no país vizinho para impedir ataques contra seus interesses no Oriente Médio e para obter os meios de atacar inimigos regionais, disseram fontes iranianas, iraquianas e ocidentais.

Qualquer sinal de que o Irã está preparando uma política de mísseis mais agressiva vai exacerbar as tensões entre Teerã e os Estados Unidos, já agravadas pela decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar seu país de um acordo nuclear de 2015 fechado pela República Islâmica com potências mundiais.

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Também constrangeria França, Alemanha e Reino Unido, os três signatários europeus do acordo, que vêm tentando salvar o pacto apesar das novas sanções norte-americanas contra Teerã.

Veículos militares transportam mísseis Fateh 110 durante parada militar em Teerã
Veículos militares transportam mísseis Fateh 110 durante parada militar em Teerã
Foto: Stringer / Reuters

De acordo com três autoridades iranianas, duas fontes de inteligência iraquianas e duas fontes de inteligência ocidentais, o Irã transferiu mísseis balísticos de curto alcance para aliados no Iraque ao longo dos últimos meses.

Cinco das autoridades disseram que o Irã está ajudando estes grupos a fabricar seus próprios mísseis.

"A lógica era ter um plano B se o Irã fosse atacado", disse uma autoridade iraniana de alto escalão à Reuters. "O número de mísseis não é alto, só umas duas dúzias, mas pode ser elevado se necessário".        

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O Irã disse anteriormente que suas atividades de mísseis balísticos são de natureza puramente defensiva. Autoridades iranianas não quiseram comentar quando indagadas a respeito da movimentação mais recente.

O governo e os militares do Iraque não quiseram comentar.

Os mísseis Zelzal, Fateh-110 e Zolfaqar em questão têm alcances que variam de cerca de 200 a 700 quilômetros, o que coloca a capital da Arábia Saudita, Riad, ou a cidade israelense de Tel Aviv dentro de seu raio de ação se as armas forem posicionadas no sul ou no oeste do Iraque.

A Força Quds, braço da poderosa Guarda Revolucionária do Irã no exterior, tem bases nestas duas áreas. Qassem Soleimani, comandante da Força Quds, está supervisionando o programa, segundo três das fontes.

Países ocidentais já acusaram o Irã de transferir mísseis e tecnologia para a Síria e outros de seus aliados, como os rebeldes houthis do Iêmen e o Hezbollah libanês.

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Os vizinhos sunitas do Irã no Golfo Pérsico e seu arqui-inimigo Israel expressaram preocupação com as atividades regionais de Teerã, que veem como uma ameaça à sua segurança.

Washington vem pressionando seus aliados para que adotem uma postura anti-Irã rígida desde que reativou sanções neste mês.

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