Agência põe Departamento de Justiça, do qual depende, em rota de colisão com o presidente, que acusa, sem provas, gestão Obama de ter grampeado seu telefone. Denúncia causa mal-estar institucional em Washington.Após o presidente Donald Trump pedir ao Congresso americano uma investigação sobre supostas escutas telefônicas em suas conversas durante a campanha eleitoral, o FBI pediu neste domingo (05/03) ao Departamento de Justiça, ministério do qual depende, que rejeite a denúncia.
No fim de semana, Trump acusou seu antecessor, Barack Obama, de ter ordenado a interceptação de suas conversas telefônicas na Trump Tower, em Nova York, antes das eleições de novembro. O ex-presidente negou a acusação.
Ao pedir que o Departamento de Justiça rejeite a acusação de Trump, o diretor do FBI, James Comey, questionou a veracidade das declarações do presidente, que não apresentou provas sobre as supostas interceptações telefônicas.
A solicitação de Comey está sendo encarada pela imprensa americana como rara: ela coloca a maior autoridade de Justiça do governo na posição de questionar a honestidade de uma declaração do presidente.
Segundo o jornal New York Times, citando autoridades do governo, Comey alegou que "não há provas para sustentar [a denúncia] e insinuar que o FBI desobedeceu a lei". O FBI mantém silêncio sobre o assunto.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, citou apenas a existência de relatórios sobre "investigações de motivação política" ao comentar o pedido do presidente para que o Congresso abrisse uma investigação sobre o caso. Sarah Sanders, porta-voz de Trump, afirmou que, se confirmada a denúncia, este seria o "maior caso de abuso de poder já ocorrido por parte do Executivo".
Em declaração no Twitter, Trump chegou a comparar o episódio com o escândalo de Watergate nos anos 1960, quando o ex-presidente Richard Nixon ordenou a interceptação de conversas telefônicas de adversários políticos.
O diretor de inteligência do governo Obama, James Clapper, também refutou a denúncia de Trump, ao afirmar que "não houve atividade de interceptação telefônica contra o presidente enquanto candidato ou contra a sua campanha".
Até o momento, o Departamento de Justiça não fez nenhuma declaração sobre o assunto.