Os principais frigoríficos brasileiros decidiram interromper o fornecimento de carne bovina à rede de supermercados Carrefour no Brasil nesta semana. A ação surgiu após declarações do CEO do grupo na França, Alexandre Bompard, que anunciou que a empresa não venderá mais carnes provenientes do Mercosul. A decisão de Bompard visava agradar produtores rurais franceses, que são contrários ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
O Carrefour, no entanto, já não comercializava carne do Mercosul no Brasil antes dessa declaração. A medida de interrupção no abastecimento, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), afetou tanto o Carrefour quanto suas outras redes, como Sam's Club e Atacadão, que somam cerca de 1.180 lojas no país.
Impacto no Carrefour
O anúncio provocou uma reação imediata no Brasil, especialmente entre as entidades do agronegócio. Cinco associações ligadas ao setor divulgaram nota repudiando a postura adotada pelo Carrefour. As entidades disseram que, se a carne do Mercosul não é vista como adequada para o mercado francês, não deveria ser vendida em nenhum outro país.
Essa situação levou as indústrias de carne bovina a deixarem de fornecer seus produtos ao Carrefour, colocando pressão para que a empresa revise sua posição. O impacto é significativo, pois abrange toda a cadeia produtiva envolvendo dezenas de milhões de reais e milhares de empregos vinculados ao setor.
A decisão do Carrefour tem suas raízes no contexto político e econômico das negociações entre o Mercosul e a União Europeia. A resistência ao acordo por parte de agricultores franceses é conhecida, pois eles temem perder espaço para os produtos agrícolas mais competitivos do Mercosul, como a carne bovina. A declaração de Bompard foi uma tentativa de apaziguar essas preocupações.
Ao seguir por esse caminho, a empresa arrisca sua relação com produtores e fornecedores nos países do Mercosul, que são importantes mercados e fontes de fornecimento. A resposta dos frigoríficos brasileiros ilustra a complexidade e a interdependência das relações comerciais globais.
Com a suspensão do fornecimento, o setor brasileiro aguarda uma retratação por parte do CEO global do Carrefour, esperando que isso possibilite uma retomada das negociações e do abastecimento. A repercussão do caso continua em curso, e seu desfecho pode influenciar outras relações comerciais internacionais.